Informações diversas e actuais a respeito da paróquia de FORNOTELHEIRO - Celorico da Beira, distrito da Guarda

terça-feira, julho 29, 2008

"Nada mais peço ou sonho a não ser que Deus semeie no meu coração as aspirações do Espírito Santo" - Pe. Gilberto

"Não há Deus, além de Vós..." refere o autor do Livro da Sabedoria com uma certeza clara, convicta e evidente acerca da existência do Deus único e verdadeiro. Contudo, o que também parece seduzir o autor sagrado é a forma como Deus cuida do Homem e de todas as coisas que constituem o mundo.

Acha maravilhosa e admirável o modo como Ele trata, lida e se relaciona connosco. De facto, quando Deus criou o mundo preocupou-se ao "milímetro" para que na organização do universo nada falhe e dê tudo certo. Ele (Deus) é o PAI atento que tem um amor imenso e inesgotável (como um poço sem fundo) que exprime, segundo a 1ª leitura, pelo princípio da Justiça, da indulgência, da bondade, da esperança feliz, do perdão e não usa a sua força para se vingar ou oprimir o Homem.
No entanto, este carinho e ternura de Deus não é um amor somente cheio de boas intenções ou por obrigação: Deus ama porque quer e de livre vontade - é um amor que lhe sai do coração. Deus não ama para dar "nas vistas", nem tem necessidade de apregoar nas praças públicas o bem que faz ao Homem. O seu amor traduz-se em gestos concretos e proveitos para connosco, e o maior de todos foi entregar o Seu próprio Filho para nos salvar.

Todo o Homem, à semelhança de Deus, é chamado a ter essa relação de amor, cuidado, indulgência e preocupação pelo seu próximo. Mas, vemos como o Homem ama de uma forma diferente de Deus: umas vezes por interesse, conveniência e circunstâncias; outras vezes, é um amor por obrigação, ou rancoroso porque perdoamos mas ficamos sempre com ressentimentos.
Este modo de amar não é o de Jesus: é um amor que se pode caracterizar como passageiro e que presta culto ao egoísmo. Jesus não sabe amar assim porque ama sem limites, sem condições e dá a Sua vida por nós até à última gota de sangue. Amemos sem fazermos como os fariseus que faziam o bem para serem louvados pelas pessoas!




É amando com os sentimentos de Cristo que o Arciprestado de Celorico da Beira tem expressado o seu amor pelos sacerdotes que aqui se têm formado. Não é necessário enumerar acções concretas para comprovar o vosso amor ao sacerdócio, pois no meu caso pessoal senti na 1ª pessoa ao longo destes dois anos o vosso imenso carinho, ternura, afeição e acolhimento. Manifestastes um Amor sem fingimento, porque brotou do íntimo do vosso coração. Esse é o amor mais proveitoso porque é fruto do crescimento, da aprendizagem e da caminhada que fiz convosco e que me abriu horizontes para a vida. Hoje faço aqui uma prece de louvor ao Senhor por poder caminhar convosco desde o dia 21 de Setembro de 2006 e presto-vos a minha sincera homenagem e gratidão!

No Evangelho, Jesus confronta-nos com mais uma das suas sábias parábolas: o trigo e o joio. Determinado homem semeia semente boa no seu campo, no entanto de noite e por traição um inimigo semeia joio no meio do trigo.
O joio é uma erva daninha e bravia que nada interessa nas culturas. É, por isso, sinónimo da falta de amor a Deus e aos irmãos e da consequente presença do mal no mundo. A prova da existência do mal e do maligno é personificada nos ódios, guerras, invejas, egoísmo, soberba... Infelizmente podemos dizer que também existe joio dentro da Igreja quando esta não é fiel a Jesus Cristo e se deixa levar por jogos, interesses e uma fé rudimentar que nada tem a ver com o Evangelho.
A missão de todo o cristão, sobretudo do sacerdote, é arrancar o joio que sufoca a humanidade. No entanto, esta missão contra o mal não se pode fazer de qualquer forma: tem de ter ponderação, não pode resultar de uma acção irreflectida - "deixai-os crescer ambos até à ceifa".
Mais importante que condenar e humilhar as pessoas é procurá-las e consciencializá-las de que todos nós somos pecadores. Depois é fazer como Jesus: exortá-las ao arrependimento e pelo Sacramento da Reconciliação fazê-las sentir o perdão generoso de Deus e como é bom estar em comunhão com Ele.

Termino esta reflexão com questões que se colocam no início de uma nova missão: que pedir para a minha vida sacerdotal? Que projectos futuros? Nada mais peço ou sonho a não ser que Deus semeie no meu coração as "aspirações do Espírito Santo".
Só Ele me poderá ajudar a levantar das minhas fraquezas, a dar força para concretizar a missão pois o Espírito é o guia e a alma da Igreja.
Com o Espírito Santo sei que posso ser um fiel administrador das suas graças e ter uma acção serena, mas profunda e que tenha somente a marca de Deus.
Com o Espírito Santo quero ser um profeta que não só fala com Deus, mas também o ouve e escuta: "Quem tem ouvidos, oiça". Assim, saberei discernir o que sacerdote Deus quer que eu seja e por toda a minha existência me leve a proclamar como S. Paulo: "Para mim, viver é Cristo"!

sábado, julho 26, 2008

Estão a decorrer os IV Encontros de Etnografia em Fornotelheiro

A freguesia de Fornotelheiro, no concelho de Celorico da Beira, recebe a partir de amanhã os IV Encontros de Etnografia. Durante três dias serão recordados os usos e costumes que estão na origem das populações locais, com mostras de actividades tradicionais, artes e ofícios, jogos tradicionais, comidas regionais, conversas, tradições, costumes e crenças. Para o final de cada dia estão previstas danças, música e cantares que há muitos anos fazem parte da cultura tradicional.

O papel dos avós hoje

O papel dos avós na família vai muito além dos mimos dados aos netos, e muitas vezes eles são o suporte afectivo e financeiro de pais e filhos. Por isso, se diz que os avós são pais duas vezes.

As avós são também as chamada "segundas mães", e os avôs, os "segundos pais", e muitas vezes estão ao lado e até à frente na educação dos seus netos, com a sua sabedoria, experiência e com a certeza de um sentimento maravilhoso de estarem a viver os frutos de seu fruto, ou seja, a continuidade das gerações.

Celebrar o Dia dos Avós significa celebrar a experiência de vida, reconhecer o valor da sabedoria adquirida, não apenas nos livros, nem nas escolas, mas no convívio com as pessoas e com a própria natureza.

quinta-feira, julho 17, 2008

Manuel Fernandes: um estudante de Celorico da Beira que chegou a Santo

Inácio de Azevedo era natural do Porto, Portugal, nascido por volta de 1526, de família importante e influente. Aos 22 anos entrou para a ordem dos Jesuítas. Foi vice-provincial de Portugal e reitor do Colégio de Braga.

A grande paixão de Inácio eram as missões! Pela seu caráter empreendedor, activo e enérgico, São Francisco de Borja, o superior de toda a Ordem, nomeou-o Visitador do Brasil. Chegou à Bahia em 24 de agosto de 1566, juntamente com outros jesuítas. A incumbência revestiu-se de grande dinamismo e oportunas medidas de governo. Partiu para Portugal em 24 de agosto de 1568, para conseguir reforços para o Brasil. Reuniu uma expedição de 73 religiosos, e zarparam nas três naus da frota do Governador do Brasil.
A nau em que viajavam Inácio e um dos grupos foram atacados por protestantes calvinistas que quiseram poupar os sobreviventes da luta mas gritaram contra os jesuítas: “Mata, mata, porque vão semear doutrina falsa no Brasil”. Inácio foi ao encontro deles, com uma imagem de Nossa Senhora nas mãos, dizendo a alta voz: “Todos sejam minhas testemunhas como morro pela Fé católica e pela Santa Igreja Romana”. Já ferido mortalmente, dizia aos seus companheiros: “Não choreis, filhos. Não chegaremos ao Brasil, mas fundaremos, hoje, um colégio no céu”.
Beato Manuel Fernandes, irmão e estudante.
Nascido em Celorico, Portugal. Deitado vivo ao mar
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terça-feira, julho 15, 2008

segunda-feira, julho 14, 2008

São Paulo, o Apóstolo dos gentios


Apóstolo nascido em Tarso, cidade principal da Cilícia, conhecido como o grande apóstolo dos gentios. Descendia de uma família hebreus da tribo de Benjamin, que tinham obtido a cidadania romana, de grandes posses e prestígio político. Os seus pais, sendo como eram, fiéis à lei mosaica, mandaram-no logo para Jerusalém para ser educado lá.

Fariseu fervoroso, recebeu na circuncisão o nome de Saulo e teve como preceptor um dos mais sábios e notáveis rabinos daquele tempo, o grande Gamaliel, neto do ainda mais famoso Hilel, de quem recebeu as lições sobre os ensinos do Antigo Testamento. Foi este Gamaliel, cujo discurso está nos Atos dos Apóstolos 5. 34-39, que aconselhou o Sinédrio a não atentar contra a vida dos apóstolos.

Ele possuía alguma coisa estranha ao espírito farisaico, a qual se avizinhava da cultura grega. No seu discurso demonstrava um espírito tolerante e conciliador, característico da seita dos fariseus. Celebrizou-se pelos seus vastos conhecimentos rabínicos. Aprendeu o ofício de fazedor de tendas, as quais usava nas viagens. Recebeu uma educação subordinada às tradições e às doutrinas da fé hebraica e, embora fosse filho de um fariseu, At 23, tornou-se um cidadão romano.

Pelos suas palavras, na epístola aos filipenses 3. 4-7, aparentemente ocupava uma posição de grande influência que lhe dava margem para conseguir lucros e grandes honras. Tornou-se membro do concílio, At 26. 10, e logo depois recebeu uma comissão do sumo sacerdote para perseguir os cristãos, 9. 1, 2; 22. 5. Apareceu no cenário da história cristã, como presidente da execução do diácono Estêvão (1)o protomártir do Cristianismo, a cujos pés as testemunhas depuseram as suas vestes At 7. 58.

Na Bíblia aparece então no 7º capítulo do livro Atos dos Apóstolos, a guardar as vestes do diácono, que foi apedrejado, concordando, portanto, com a condenação. Depois disso, iniciou uma forte perseguição aos cristãos. Na sua posição odiava a nova seita, não só desprezando o crucificado Messias, como considerava os seus discípulos um elemento perigoso, tanto para a religião como para o Estado.

Este seu ódio mortal contra os discípulos de Jesus durou até ao momento da sua conversão, que aparece no 9º capítulo. Foi no caminho de Damasco que se deu a sua repentina conversão (30). Ele e seus companheiros viajavam pelos desertos da Galiléia e quando, ao meio-dia, o sol ardente estava no seu zênite, At 26. 13, repentinamente uma luz vinda do céu, mais brilhante que a luz do sol caiu sobre eles, derrubando-os. Todos se ergueram, mas ele continuou prostrado por terra. Ouviu-se então uma voz que dizia em língua hebraica: "Saulo, Saulo, porque me persegues? (2)". Respondeu ele então: "Quem és tu Senhor?" E veio a resposta: "Eu sou Jesus a quem tu persegues. Levanta-te e vai à cidade e aí se te dirá o que te convém fazer". Os companheiros que o seguiam ouviam a voz sem nada ver, nem entender. Ofuscado pelo intenso clarão da luz, foi conduzido pela mão dos companheiros. Entrou em Damasco e hospedou-se na casa de Judas, onde permaneceu três dias sem ver, sem comer e nem beber, orando e meditando sobre a revelação divina. Guiado pelo Senhor, o judeu convertido Ananias, foi visitá-lo e ao encontrar-se com o grande perseguidor, recebeu a confissão da sua nova fé. Certo de sua conversão Ananias impôs-lhe as mãos, fê-lo recobrar a visão e baptizou-o. Baptizado, foi para o deserto da Arábia, onde orou e fez penitência por três anos.

A partir de então, com a juventude e a energia que o caracterizava, e para grande espanto dos judeus, começou a pregar nas sinagogas que Jesus era o Cristo, Filho de Deus vivo, 9 10-22. Regressou à Jerusalém, e apesar da desconfiança dos que não acreditavam na sua repentina conversão e instalou-se em Antióquia, na Síria, de onde fez três grandes viagens missionárias, ao longo de 25 anos. Pregou na Ásia Menor, Grécia e Jerusalém, até ser preso em Cesaréia (61). Levado para Roma, permaneceu dois anos sob custódia militar, gozando de relativa liberdade, suficiente para receber os cristãos e converter os pagãos. Durante esse período escreveu as cartas aos Filipenses, aos Colossenses, aos Efésios e a Filêmon.

Declarado inocente (63) passou pela Espanha, visitou as suas comunidades no Oriente, onde foi preso e novamente levado para Roma (67) sob a acusação de seguir uma religião ilegal. São desse último período as duas cartas a Timóteo e a carta a Tito. Por ordem de Nero desta vez não teve perdão e foi condenado à morte, mas por ser um cidadão romano não deve ter sido crucificado mas, sim, decapitado.

terça-feira, julho 01, 2008

Ser Padre à maneira de Jesus Cristo

Porque foi, é e há-de ser um chamamento e convite de Jesus Cristo.
Ouvi aquela voz divina sussurar ao meu ouvido: "segue-Me", a mesma voz que dirigiu convite idêntico aos doze e a Homens de todo o tempo para lhes entregaraem a vida.
Não pude nem posso olhar para este convite de forma banal, irresponsável ou indiferente. Por isso, com Ele e com a ajuda de muitas outras pessoas fiz-me ao caminho e cheguei à conclusão que ser padre é mesmo o que eu quero e o que Jesus quer.
Contudo não basta somente ser padre. O que mais me fascina e seduz é querer ser padre á maneira de Jesus Cristo: actuando da mesma forma que Ele actuou, vivendo ao Seu estilo e mamando da mesma forma que Ele amou. Estou consciente de que vai ser dificil, mas impossível não será. Penso que aqui está o verdadeiro "porquê" de eu querer ser padre!


Uma da experiências que mais me marcou foi o estágio pastoral em Celorico da Beira.
Aqui, ao longo de dois anos, vivo numa autêntica família que é a comunidade sacerdotal. Partilçhamos momentos bons e maus, programa-se a pastoral em comunm, posso mesmo dizer que estes três padres foram uns autênticos "pais espirituais" para mim. Nas paróquias de Celorico da Beira aprendi, cresci pastoralmente, vivi a fé com estes cristãos e agora estou pronto para assumir a missão sacerdotal.

Excerto da entrevista ao "Jornal da Voz da Fé".

domingo, junho 29, 2008

Celorico acorre em peso à ordenação do Pe. Gilberto Antunes

Hoje, uma grande multidão deslocou-se à Sé Catredal da Guarda para participar na Ordenação do Pe. Gilberto Antunes e ma instituição do acólito Hugo Martins.

Vieram de todos as terras do Arciprestado de Celorico da Beira e todos quiseram cumprimentar o novo sacerdote e dar os parabéns ao acólito.

Foi impressionante... tantos beijos e abraços, tanto carinho e sentidas manifestações de amizade... A sua passagem pelo Arciprestado não passou despercebida!
Porém, parece que mais uma vez era necessário despachar-se porque havia uma missa que tinha que começar às 18.30h!!!

Os cumprimentos prolongaram-se para além da hora, mas nestas ocasiões ninguém pode levar a mal... afinal é para a Diocese uma grande alegria a ordenação de dois padres, um diácono e dois acólitos.
PARABÉNS


sábado, junho 21, 2008

Dois novos padres e um diácono para a Diocese

No próximo dia 29 de Junho, pelas 16 h , na Sé Catedral, o Gilberto e o Hélder vão ser ordenados presbiteros e o Valter vai ser ordenado diácono.

A Diocese e em especial as paróquias onde durante estes dois anos o Diácono Gilberto desenvolveu a sua actividade pastoral, partilham da sua alegria em clima de louvor e acção de graças.

Louvamos o Senhor por este importante presente que Ele nos oferece. Peçamos-Lhe que faça de todos os padres do nosso presbitério: "padres segundo o coração de Deus". Peçamos pelas nossas comunidades cristãs para, que a exemplo das paróquias de Almaceda, Colmeal da Torre e Covilhã sejam alfobre de futuras vocações.

Precisamos de comunidades cristãs que colaborem, apoiem e incentivem a pequena semente da vocação.
Precisamos de comunidades que sintam o problemas das vocações como seu e não apenas da instituição. Sem comunidades empenhadas na oração pelas vocações, sem familias disponiveis para entregarem os seus filhos à Igreja, sem jovens educados no seu da familia para valores espirituais não surgiram vocações...
Precisamos de comunidades que aceitem os desafios das novas formas de organização pastoral. É só com a compreensão de todos, é possível.
"Para mim viver é Cristo" (Fil. 1, 21)

sábado, maio 31, 2008

Bento XVI: O Magnificat é a interpertação mais verdadeira e profunda da História



No final do mês mariano: reconhecer, como Maria, que a grandeza de Deus liberta o homem do medo.
“O Magnificat de Maria, à distância de séculos e milénios, permanece a interpretação mais verdadeira e profunda da História, enquanto que as leituras de tantos sábios deste mundo são desmentidas no decorrer dos séculos”.

Neste cântico “existe uma autentica e profunda leitura ‘teológica’ da História, a fé de Maria “fê-la ver que os tronos dos poderosos deste mundo são todos provisórios, enquanto que o trono de Deus é a única rocha que não muda nem cai.”

Maria reconhece a grandeza de Deus. Este é o primeiro sentimento indispensável dá fé; o sentimento que dá segurança a criatura humana e que a liberta do medo, mesmo no meio das tempestades da história.

sexta-feira, maio 30, 2008

Sacerdotes, segundo o coração de Deus e seguindo o modelo de Cristo, Bom Pastor

Oração pela santificação dos sacerdotes
A Congregação do Clero – o organismo da Santa Sé que tem a seu cuidado os sacerdotes e os diáconos de todo o mundo – alerta para a necessidade e urgência de que em toda a Igreja se reze pela santificação dos sacerdotes. Na verdade, da santidade dos sacerdotes e da sua fidelidade a Cristo dependem a renovação da própria Igreja e o crescimento do Reino de Deus no mundo dos homens.

O sacerdote não é (e os cristãos devem estar conscientes disso) um mero funcionário ou empregado da religião.
A sua missão não se limita ao ensino de um conjunto de verdades ou doutrinas religiosas e à realização de alguns actos de culto ou celebrações litúrgicas.
O sacerdote é, não pode deixar de o ser, um homem de Deus. Um homem chamado por Deus para fazer chegar aos homens a sua verdade e o seu amor. Ele é o administrador dos mistérios de Deus.
Por isso mesmo, o sacerdote é – seria um absurdo que o não fosse, um homem de fé e de oração.
  • Ele é - deve ser - um homem que acredita no que ensina e vive o que ensina.
  • Ele é – é seu dever ser - um homem que se distingue pelo modo como vive no mundo:
  • o modo como encara o poder e a riqueza,
  • o modo como se relaciona com as pessoas e aborda as questões sociais;
  • distingue-se pelas suas convicções e pelos seus ideais, pela sua coerência de vida e pela sua esperança.

Para ser tudo isto – e isto faz parte da sua missão – o sacerdote precisa de rezar muito e que muitos rezem por ele.

Na carta dirigida aos sacerdotes, a Congregação do Clero lembra-lhes “a prioridade da oração em relação à acção, porque dela depende a eficácia da acção”. Se o sacerdote não reza, se não fala com Deus, se não medita e não interioriza a sua palavra, como pode falar de Deus aos homens? Como poderá ser credível e eficaz a sua acção pastoral?
Apesar das inúmeras solicitações, o sacerdote, na hora de gerir o seu tempo e elaborar o seu programa, deve ter a lucidez e o discernimento para reservar e dedicar o tempo necessário à oração, evitando a tentação de cair num activismo cansativo e estéril.
O sacerdote prejudica mais os seus paroquianos deixando de rezar do que se omitir algumas acções pastorais. Só com uma vida espiritual intensa, o sacerdote pode ser missionário convicto e convincente do amor de Deus junto dos homens.

Depois, a mesma carta da Congregação do Clero fala da necessidade e da importância da oração, sobretudo a Adoração Eucarística, por parte dos fiéis, em favor dos sacerdotes, para que eles sirvam cada vez melhor Jesus e os irmãos.
De um modo geral, as pessoas são muito exigentes em relação aos sacerdotes:

  • querem que estejam sempre disponíveis para as atender e que lhes façam o que eles querem e como lhes agrada ou convém.
  • Além disso, são pouco compreensíveis no que se refere às suas limitações humanas. Por vezes, até às suas limitações no campo da saúde.
  • Mais ainda, são particularmente impiedosas nos juízos de valor que fazem sobre eles, sobre os seus comportamentos e acção pastoral.

Mas quem tem consciência da verdadeira missão do sacerdote? Quem sente a comunidade cristã paroquial como sua família e o sacerdote como membro/pai desta família? Quem chama com verdade padre (pai) ao seu pároco? Quem se preocupa em dar-lhe apoio humano e espiritual? Quem pensa e considera como seu dever rezar regularmente pelos sacerdotes, de modo especial pelo seu Pastor?
Se não fazemos a nossa parte, não podemos esperar, muito menos exigir, melhores padres.

A renovação da Igreja, a renovação que é urgente empreender há-de começar pela renovação dos sacerdotes. E a renovação dos sacerdotes passa precisamente pela sua santificação!
Há que rezar, com confiança e com perseverança, pelos sacerdotes para que o sejam segundo o coração de Deus, seguindo o modelo de Cristo, Bom Pastor.

quarta-feira, maio 28, 2008

quinta-feira, maio 22, 2008

As vantagens de participar na Eucaristia

A Eucaristia é a mais importante celebração comunitária da nossa fé. “Visto que há um só pão, nós, embora sejamos muitos, formamos um só Corpo”. Jesus deixou-nos a Eucaristia para nos ajudar a construir e a viver a íntima comunhão com Deus e com os irmãos.

Hoje, muitos baptizados (a maior parte dos baptizados) dispensam a EUCARISTIA por qualquer motivo ou simplesmente porque a Eucaristia já não lhes diz nada.
Não sentem a Eucaristia como o encontro privilegiado com Cristo. Pior ainda, Jesus Cristo conta pouco para as suas vidas, não têm tempo para Ele ou consideram mesmo perda de tempo rezar e participar nas celebrações litúrgicas.
Muitos cristãos ainda não conhecem bem Jesus, ainda não entraram na intimidade da sua vida, ainda não experimentaram a força transformadora da sua Verdade e do seu Amor. Esses ainda não se deixaram seduzir por Ele, ainda não lhe deram a oportunidade de se manifestar nas suas vidas.
Arranjemos tempo e, acima de tudo coragem,
para enfrentarmos as questões fundamentais da vida;
Olhemos para Jesus,
Escutemos as suas palavras;
Contemplemos a sua vida;
Consideremos a proposta que Ele nos faz,
o caminho da vida que nos aponta, a meta a que nos chama;
Abramos o nosso coração e a nossa mente
á sua Verdade e ao seu Amor;
Deixemos que Ele nos desperte para a nossa dimensão espiritual
e para a nossa vocação à eternidade.
  • Então, descobriremos como Ele é importante para nós e como nós temos necessidade dele e como só temos a lucrar se o acolhermos na nossa vida e nos deixarmos conduzir por Ele.
  • Então sentiremos vontade e falta de nos encontrarmos com Ele na Eucaristia.
  • Então não nos faltará o tempo (nem precisaremos de arranjar grandes desculpas). Pelo contrário acorreremos até à Eucaristia para nos alimentarmos do Senhor da Vida, do Pão que dá a Vida Eterna.

segunda-feira, maio 19, 2008

Nós n’Ele. Ele em nós (Jo 6, 56).

Corpo de Deus. Nós n’Ele. Ele em nós (Jo 6, 56).

Celebramos o «Mistério da Fé», o Sacramento da Eucaristia. Recordamos a instituição dela, na Quinta-Feira Santa, como memorial da Paixão e Morte do Senhor.
Jesus, Verbo de Deus, que nos alimenta com a Palavra, também nos dá a comer e a beber o seu próprio corpo e o seu próprio sangue. Comemos o Pão eucarístico, e somos transformados n’Aquele que vem a nós.
Foi uma prenda de Jesus, ao despedir-Se dos seus. Uma «invenção» de última hora, inspirada na saudade do Amor. Invisível aos olhos, tornou-Se palpável no novo maná que nos mata a fome – como viático que é –, no caminhar de peregrinos para a Terra Prometida. Esta nossa condição de «povo em marcha para a casa do Pai» é representada, hoje, ao vivo, pela procissão eucarística, em tantas localidades do mundo, testemunhando, em público, a fé comum em que Jesus caminha connosco pelas estradas do mundo. É Ele a água viva que nos extingue a sede, o Pão da vida, que, igual para todos, faz de todos um só corpo. «Aquele que Me come, viverá por Mim» (Jo 6, 57). Deus Filho, nascido de Maria, é, na Eucaristia, Corpo de Deus (linda designação portuguesa da Festa que celebramos), para a salvação do mundo.

Recordar, agradecer, viver unidos.
Pão e vinho constituem a matéria do Sacramento da Eucaristia.
Simbolizam e recordam a Paixão e Morte do Senhor,
numa doação de amor levada até ao extremo.
Muitos grãos, moídos, estão na origem do pão.
Muitos bagos de uva, espremidos, produzem o vinho.
Somos um corpo formado de muitos membros, mas todos alimentados do mesmo Senhor.
Como compreender, permitir, aceitar as nossas divisões e contendas?
Ir a Ele, comungar, é caminho e é força de unidade.
Eucaristia significa «acção de graças».
Vamos transformar as nossas celebrações em momentos de agradecimento, de reconhecimento daquilo que devemos a Deus (e que temos nós, que não tenhamos recebido?), de Lhe dizermos «muito obrigado!». Que esquecida, esta dimensão do Sacramento! Não esqueçamos também que Ele está nos inúmeros sacrários do mundo, aguardando a nossa visita. Entremos e estejamos, por pouco tempo que seja, com quem quis ficar para sempre connosco.
Fonte: Boa Nova para cada dia

segunda-feira, maio 12, 2008

Os frutos que o Espírito Santo espera que produzamos

1. CARIDADE SIMBOLIZADA NOS MORANGOS:
A caridade ou o amor é o fruto primeiro do Espírito Santo. É o vinculo da perfeição e a plenitude da Lei. Os morangos são como os corações, sinais da cor do amor... do amor de Deus derramado nos nossos corações, pelo Espírito Santo.

2. ALEGRIA SIMBOLIZADA NAS UVAS:
A alegria é um fruto semeado e plantado na vinha do nosso coração. As uvas são o fruto precioso do qual se faz o bom vinho, que alegra o coração do homem. O espírito dá-nos uma tal alegria que resiste ao tempo, é completa e ninguém mais no-la poderá tirar...

3. PAZ SIMBOLIZADA NAS AZEITONAS:
A Paz, anunciada no ramo de oliveira dos tempos de Noé, é o fruto primeiro da Páscoa do Senhor. As azeitonas, penduradas no ramo de oliveira, suspenso no bico da pomba... do Espírito. Paz é saber que todos se amam e se querem bem.
4. PACIÊNCIA SIMBOLIZADA NAS NOZES:
A paciência é o fruto mais procurado no mercado da vida diária. As nozes, fruto que dura todo o ano, dura por fora, doce por dentro, não tem pressa, não tem voz. Ser paciente é uma virtude a cultivar...

5. BONDADE SIMBOLIZADA NOS PÊSSEGOS:
Só um é Bom, disse de Deus o próprio Jesus a um jovem preso ao seu olhar. O pêssego tem a ternura do veludo macio. O pêssego sabe o que é preciso; porque o coração do homem anda vazio e a bondade já não mora na nossa face.

6. LONGAMINIDADE SIMBOLIZADA NO ANANÁS:
Coração grande, alma cheia. Aí está o ananás. Veio das terras de longe e traz uma mensagem quente de amor e a mistura viva do sangue da dor... no largo espaço do perdão.

7. BENIGNIDADE SIMBOLIZADA NAS LARANJAS:
Benignidade, que só vê e faz o bem, como o olhar puro da infância. As laranjas, antes de serem fruto, são mistério de perfume. Sol que é sumo de ouro, refrescante no deserto das nossas vidas.

8. MANSIDÃO SIMBOLIZADA NAS CEREJAS:
Manso de coração, o Mestre oferece-se na Ceia e entrega-se no sacrificio da cruz, de braços abertos para o perdão. As cerejas deixam-se comer na generosa partilha dos pardais. Comem-se no sossego dos portais de granito, quando a amizade passa de mão em mão...

9. FIDELIDADE SIMBOLIZADA NAS MAÇAS:
Fé e fidelidade, são frutos da mesma raiz. E a maça, que foi a tentação e desvio, volta ser presença quoatidiana e humilde em casa de pobres e ricos. Fidelidade de todas as horas e dias.

10. MODÉSTIA SIMBOLIZADA NAS AMÊNDOAS:
Para a dizer e ensinar, quem como a amendoa? Dela sabemos o gosto austero e a dura condição. Só a vê quem tem olhos limpos e conhece o valor dos pequenos gestos do coração.


11. TEMPERANÇA SIMBOLIZADA NO LIMÃO:
Temperança, foçura que não se desfaz, acidez sem veneno, que não mata.

12. CASTIDADE SIMBOLIZADA NAS CASTANHAS:
Castidade, olhos puros de água cristalina, desejo de amor, sem vício da posse e do uso. A castanha friorenta, agasalhada com roupas espinhosas e flanelas macias, vem no tempo das primeiras chuvas e traz o cheiro da terra molhada e fecunda. quer ser dádiva, segredo, certeza de que não estamos sós. Por isso se mantém pura e resguardada para as núpcias da terra com o Céu.


Estes frutos do Espírito são um dom do acontecimento do Pentecostes.
Que o Espirito nos conceda todos os seus dons e que a nossa vida produza os FRUTOS do mesmo Espírito!

sexta-feira, maio 09, 2008

Deus manifesta toda a sua bondade e todo o seu amor na mãe e no pai que nos dá.

“Acreditas nisto?” Acreditas que “Eu sou a ressurreição e a vida”?
Esta é a pergunta que Jesus dirige a Marta, que acaba de perder o seu irmão Lázaro.
Antes, Marta tinha censurado Jesus por não ter chegado antes e evitado a morte do irmão: “Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido”. Apesar disso, e embora sentido profundamente a morte do irmão, Marta faz a sua profissão de fé em Jesus: “eu creio que Tu és o Messias, o filho de Deus que havia de vir ao mundo”.

A morte levanta muitas interrogações a que a simples lógica humana não consegue responder. Desde uma perspectiva meramente humana (terrena), ninguém devia morrer, muito menos aqueles que mais amamos. No entanto, à luz da fé em Deus é possível entender o mistério da vida e da morte. A Palavra de Deus revela-nos o sentido último da vida e em Jesus encontramos o sentido último da morte.
Jesus morreu, precisamente para que a morte não signifique o termo da vida do homem, não seja um voltar ao nada. Pelo contrário, seja a passagem para a outra margem da vida, onde o homem pode ver a Deus face a face e gozar da plenitude da sua vida e do seu amor. Cristo morreu a fim de garantir ao homem a vida para além da morte, uma vida que se prolonga na eternidade de Deus.

Com S. Paulo, “nós acreditamos que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos há-de ressuscitar com Jesus e nos levará para junto dele”. E também sabemos, embora nem sempre o tenhamos presente e o levemos a sério, que se “esta tenda, que é a nossa morada terrestre, for desfeita recebemos nos céus uma habitação eterna”. São estas certezas, que, embora não evitando a tristeza, suavizam a nossa dor e nos impelem a continuar a viver com esperança.
  • A fé em Cristo ajuda o homem a descobrir e a aceitar a morte como uma etapa necessária para chegar à pátria que está nos céus, “à habitação eterna construída por Deus e não pelos homens”. Porque acreditamos na pátria que está no céu, diante do pensamento da morte daqueles que partem antes de nós, não perdemos a esperança nem deixamos de sonhar com a pátria do futuro.
  • Graças à fé, quando experimentamos a realidade da morte na morte daqueles que nos são queridos, em especial dos nossos familiares e mesmo da nossa mãe, não perdemos a vontade de viver nem o sentido da vida. Mesmo nessas circunstâncias, não cedemos à tentação de olhar para trás ou de nos prendermos ao passado e às suas recordações. Pelo contrário, continuamos a olhar para o alto, a caminhar em frente, a sonhar o futuro.

Em relação àqueles que partem antes de nós, sentimos necessidade de lhes continuar a exprimir o nosso afecto e a nossa amizade, através da oração, do diálogo interior…, pois eles estão vivos em nós e nós continuamos em comunhão com eles. E aqueles que partem o que mais desejam aos que ficam é que continuem a viver com esperança e com alegria. Eles estão à nossa espera enquanto nós, à luz da fé, sabemos que caminhamos ao seu encontro!

“Acreditas nisto?”
Hoje, sinto que é a mim que Jesus interpela com esta pergunta. Nesta hora da morte da minha mãe, Jesus quer saber se eu acredito, bem no fundo do meu coração, que Ele é “a Ressurreição e a Vida” dos homens, “a Ressurreição e a Vida” da minha mãe.
Consciente de que a própria fé é um dom de Deus, eu professo, neste momento: Acredito, Senhor, que Tu és a vida eterna da minha mãe e que ela vive em Deus para sempre!
  • A mãe, a nossa mãe, é o bem mais sagrado e precioso que recebemos de Deus.
  • Deus manifesta toda a sua bondade e todo o seu amor para connosco na mãe (e no pai) que nos dá.

  • E, depois de nos dar tantos bens por meio dela, é o próprio Deus, e não nós, que a recompensa generosamente.
E, assim, nós podemos ficar tranquilos e em paz porque temos a certeza que ela se encontra bem, no lugar que ela merece: no coração de Deus.

Queria deixar aqui o meu muito OBRIGADO a todos os paroquianos da Fornotelheiro que, neste momento de dor e sofrimento, mas também de esperança na vida eterna, se associaram a mim e à minha família com as suas orações, com a sua presença e com todas as palavras amigas que me (nos) transmitiram.

domingo, maio 04, 2008

"Como é bom poder olhar para a nossa mãe e poder senti-la como o bem mais sagrado e mais precioso que se têm"

DIA DA MÃE.

Haverá alguém que precise deste dia para se lembrar da sua mãe, para a rodear de afecto, para lhe manifestar o seu amor, para lhe testemunhar a sua gratidão?!


Ela é como um espelho perfeito:
  • da bondade e do amor misericordioso de Deus Pai;
  • do amor oblativo, da entrega radical do seu Filho;
  • da comunhão, do amor confiante de Deus Espirito Santo.
A Mãe é, na terra, a imagem mais fiel de Deus, do Deus que ama sem limites, do Deus que dá a vida por amor, do Deus que reune e congrega a humanidade. Na mãe, nós descobrimos vemos e sentimos Deus tão extraordinárimanet simples e acessível, tão realmente presente, tão admiravelmente amigo!
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Como não lamentar a sorte daquelas mães que NÃO têm os filhos que elas merecem, pelo que foram e pelo que fizeram por eles?! Quantos filhos esquecem as mães enquanto vivem e, depois de mortas, colocam flores na sepulturas e mandam celebrar missas por elas! E muitos nem isso! A sociedade que tem posto tanto empenho em destruir a familia, fragiliza as mães a sua vida e a sua missão!
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Hoje, também há muitos filhos que não têm as mães que precisam e merecem. Podem ser mães que trabalham muito e até fazem sacrificios para dar muitas coisas e bem estar aos filhos, mas faltam-lhes os horizontes de fé, a consistência dos valores espirituais, a autoridade moral, as convicções e os ideiais de vida. Mães que não estão em condições de ajudar os filhos a crescer na graça diante de Deus e dos homens.

quarta-feira, abril 30, 2008

Horários

Dia 3 de Maio - Eucaristia - 19.00 h
Dia 4 de Maio - Celebração da Palavra - 12.00 h

segunda-feira, abril 28, 2008

sábado, abril 26, 2008

Aumento de pedidos de nulidade atrasam tribunais eclesiásticos

O aumento de pedidos de nulidade dos casamentos católicos e a falta de juizes e especialistas em Direito Canónico está a atrasar em vários anos o andamento destes processos, que marcam a actividade dos tribunais da Igreja.

Durante as XVI Jornadas de Direito Canónico, que estão a decorrer em Fátima, tem sido discutida a aplicação dos diplomas da Igreja e a opinião da maior parte dos representantes é que a falta de especialistas em Portugal está a impedir uma maior rapidez dos processos judiciais.

Em 2008 comemoram-se os 25 anos da aprovação do actual Código de Direito Canónico, pelo que as jornadas deste ano são dedicados a questões relacionadas com a importância deste documento. Este código sucedeu ao de 1917 e já incluiu as novidades do Concílio Vaticano II, que mudou o relacionamento da Igreja com o mundo.

Questões como as relações com o laicado ou a aplicação do código na vida dos crentes são alguns dos temas em debate no encontro, que termina hoje em Fátima.

Em Portugal, a divulgação do código junto dos leigos aumentou a abertura de pedidos de nulidade dos casamentos católicos, já que a legislação canónica permite que esses matrimónios sejam considerados nulos em muitos casos.

Questões como embriaguez no dia do casamento, pressões familiares ou sociais, doenças e mesmo casos extra-conjugais são motivos para pedir a nulidade dos matrimónios católicos. Caso o processo chegue a bom termo, a Igreja considera que esse casamento nunca reuniu condições para ser válido, pelo que as duas pessoas podem voltar a casar-se livremente pela Igreja.

No entanto, «esta maior facilidade de declarar nulos os casamentos nem sempre acontece» porque os «tribunais eclesiásticos estão entupidos de processos e não há juízes nem especialistas».

Opinião semelhante tem Saturino Gomes, director do Instituto Superior de Direito Canónico da Universidade Católica Portuguesa (UCP). «Faltam pessoas mais disponíveis para se especializarem nesta área», afirmou o sacerdote, que organiza o encontro em Fátima. Nesse sentido, nos últimos 16 anos têm sido realizadas jornadas de sensibilização para angariar especialistas e juristas em Direito Canónico junto dos leigos, mas o número de interessados é insuficiente para as necessidades das dioceses.

«Há tribunais que demoram mais de cinco anos a julgar casos deste tipo», explicou um sacerdote, salientando que os leigos ainda «não estão suficientemente despertos» para esta questão.

Na maioria das dioceses, os tribunais são compostos quase exclusivamente por sacerdotes e religiosos quando, em muitas fases processuais, deveriam ser os leigos a realizar parte do trabalho. «A actividade pastoral é tão intensa que os sacerdotes deixam sempre para o fundo das prioridades os tribunais».

Para Saturino Gomes, o Código do Direito Canónico «deve considerar-se o instrumento indispensável para assegurar a ordem, tanto na vida individual e social, como na própria actividade da Igreja», definindo o papel de cada elemento na hierarquia, mas também «as normas de comportamento» devidas.

«Uma das novidades do Código é a sistematização dos deveres e direitos dos fiéis», explicou este responsável, que compara a responsabilidade religiosa com a cidadania civil. «Na Igreja, a pessoa é titular de deveres e direitos a partir do Baptismo, porta dos sacramentos e de participação na vida da Igreja» pelo que «os deveres e direitos devem ser compreendidos numa óptica de comunhão, de unidade e de solidariedade eclesiais, não de luta e de poder».

«Leigos, padres e religiosos têm de se identificar com a sua própria vocação e estatuto, do qual derivam consequências para a inserção na Igreja», acrescentou.

Fonte: Agência Ecclesia