Informações diversas e actuais a respeito da paróquia de FORNOTELHEIRO - Celorico da Beira, distrito da Guarda

sexta-feira, maio 09, 2008

Deus manifesta toda a sua bondade e todo o seu amor na mãe e no pai que nos dá.

“Acreditas nisto?” Acreditas que “Eu sou a ressurreição e a vida”?
Esta é a pergunta que Jesus dirige a Marta, que acaba de perder o seu irmão Lázaro.
Antes, Marta tinha censurado Jesus por não ter chegado antes e evitado a morte do irmão: “Senhor, se estivesses aqui meu irmão não teria morrido”. Apesar disso, e embora sentido profundamente a morte do irmão, Marta faz a sua profissão de fé em Jesus: “eu creio que Tu és o Messias, o filho de Deus que havia de vir ao mundo”.

A morte levanta muitas interrogações a que a simples lógica humana não consegue responder. Desde uma perspectiva meramente humana (terrena), ninguém devia morrer, muito menos aqueles que mais amamos. No entanto, à luz da fé em Deus é possível entender o mistério da vida e da morte. A Palavra de Deus revela-nos o sentido último da vida e em Jesus encontramos o sentido último da morte.
Jesus morreu, precisamente para que a morte não signifique o termo da vida do homem, não seja um voltar ao nada. Pelo contrário, seja a passagem para a outra margem da vida, onde o homem pode ver a Deus face a face e gozar da plenitude da sua vida e do seu amor. Cristo morreu a fim de garantir ao homem a vida para além da morte, uma vida que se prolonga na eternidade de Deus.

Com S. Paulo, “nós acreditamos que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos há-de ressuscitar com Jesus e nos levará para junto dele”. E também sabemos, embora nem sempre o tenhamos presente e o levemos a sério, que se “esta tenda, que é a nossa morada terrestre, for desfeita recebemos nos céus uma habitação eterna”. São estas certezas, que, embora não evitando a tristeza, suavizam a nossa dor e nos impelem a continuar a viver com esperança.
  • A fé em Cristo ajuda o homem a descobrir e a aceitar a morte como uma etapa necessária para chegar à pátria que está nos céus, “à habitação eterna construída por Deus e não pelos homens”. Porque acreditamos na pátria que está no céu, diante do pensamento da morte daqueles que partem antes de nós, não perdemos a esperança nem deixamos de sonhar com a pátria do futuro.
  • Graças à fé, quando experimentamos a realidade da morte na morte daqueles que nos são queridos, em especial dos nossos familiares e mesmo da nossa mãe, não perdemos a vontade de viver nem o sentido da vida. Mesmo nessas circunstâncias, não cedemos à tentação de olhar para trás ou de nos prendermos ao passado e às suas recordações. Pelo contrário, continuamos a olhar para o alto, a caminhar em frente, a sonhar o futuro.

Em relação àqueles que partem antes de nós, sentimos necessidade de lhes continuar a exprimir o nosso afecto e a nossa amizade, através da oração, do diálogo interior…, pois eles estão vivos em nós e nós continuamos em comunhão com eles. E aqueles que partem o que mais desejam aos que ficam é que continuem a viver com esperança e com alegria. Eles estão à nossa espera enquanto nós, à luz da fé, sabemos que caminhamos ao seu encontro!

“Acreditas nisto?”
Hoje, sinto que é a mim que Jesus interpela com esta pergunta. Nesta hora da morte da minha mãe, Jesus quer saber se eu acredito, bem no fundo do meu coração, que Ele é “a Ressurreição e a Vida” dos homens, “a Ressurreição e a Vida” da minha mãe.
Consciente de que a própria fé é um dom de Deus, eu professo, neste momento: Acredito, Senhor, que Tu és a vida eterna da minha mãe e que ela vive em Deus para sempre!
  • A mãe, a nossa mãe, é o bem mais sagrado e precioso que recebemos de Deus.
  • Deus manifesta toda a sua bondade e todo o seu amor para connosco na mãe (e no pai) que nos dá.

  • E, depois de nos dar tantos bens por meio dela, é o próprio Deus, e não nós, que a recompensa generosamente.
E, assim, nós podemos ficar tranquilos e em paz porque temos a certeza que ela se encontra bem, no lugar que ela merece: no coração de Deus.

Queria deixar aqui o meu muito OBRIGADO a todos os paroquianos da Fornotelheiro que, neste momento de dor e sofrimento, mas também de esperança na vida eterna, se associaram a mim e à minha família com as suas orações, com a sua presença e com todas as palavras amigas que me (nos) transmitiram.

domingo, maio 04, 2008

"Como é bom poder olhar para a nossa mãe e poder senti-la como o bem mais sagrado e mais precioso que se têm"

DIA DA MÃE.

Haverá alguém que precise deste dia para se lembrar da sua mãe, para a rodear de afecto, para lhe manifestar o seu amor, para lhe testemunhar a sua gratidão?!


Ela é como um espelho perfeito:
  • da bondade e do amor misericordioso de Deus Pai;
  • do amor oblativo, da entrega radical do seu Filho;
  • da comunhão, do amor confiante de Deus Espirito Santo.
A Mãe é, na terra, a imagem mais fiel de Deus, do Deus que ama sem limites, do Deus que dá a vida por amor, do Deus que reune e congrega a humanidade. Na mãe, nós descobrimos vemos e sentimos Deus tão extraordinárimanet simples e acessível, tão realmente presente, tão admiravelmente amigo!
.
Como não lamentar a sorte daquelas mães que NÃO têm os filhos que elas merecem, pelo que foram e pelo que fizeram por eles?! Quantos filhos esquecem as mães enquanto vivem e, depois de mortas, colocam flores na sepulturas e mandam celebrar missas por elas! E muitos nem isso! A sociedade que tem posto tanto empenho em destruir a familia, fragiliza as mães a sua vida e a sua missão!
.
Hoje, também há muitos filhos que não têm as mães que precisam e merecem. Podem ser mães que trabalham muito e até fazem sacrificios para dar muitas coisas e bem estar aos filhos, mas faltam-lhes os horizontes de fé, a consistência dos valores espirituais, a autoridade moral, as convicções e os ideiais de vida. Mães que não estão em condições de ajudar os filhos a crescer na graça diante de Deus e dos homens.

quarta-feira, abril 30, 2008

Horários

Dia 3 de Maio - Eucaristia - 19.00 h
Dia 4 de Maio - Celebração da Palavra - 12.00 h

segunda-feira, abril 28, 2008

sábado, abril 26, 2008

Aumento de pedidos de nulidade atrasam tribunais eclesiásticos

O aumento de pedidos de nulidade dos casamentos católicos e a falta de juizes e especialistas em Direito Canónico está a atrasar em vários anos o andamento destes processos, que marcam a actividade dos tribunais da Igreja.

Durante as XVI Jornadas de Direito Canónico, que estão a decorrer em Fátima, tem sido discutida a aplicação dos diplomas da Igreja e a opinião da maior parte dos representantes é que a falta de especialistas em Portugal está a impedir uma maior rapidez dos processos judiciais.

Em 2008 comemoram-se os 25 anos da aprovação do actual Código de Direito Canónico, pelo que as jornadas deste ano são dedicados a questões relacionadas com a importância deste documento. Este código sucedeu ao de 1917 e já incluiu as novidades do Concílio Vaticano II, que mudou o relacionamento da Igreja com o mundo.

Questões como as relações com o laicado ou a aplicação do código na vida dos crentes são alguns dos temas em debate no encontro, que termina hoje em Fátima.

Em Portugal, a divulgação do código junto dos leigos aumentou a abertura de pedidos de nulidade dos casamentos católicos, já que a legislação canónica permite que esses matrimónios sejam considerados nulos em muitos casos.

Questões como embriaguez no dia do casamento, pressões familiares ou sociais, doenças e mesmo casos extra-conjugais são motivos para pedir a nulidade dos matrimónios católicos. Caso o processo chegue a bom termo, a Igreja considera que esse casamento nunca reuniu condições para ser válido, pelo que as duas pessoas podem voltar a casar-se livremente pela Igreja.

No entanto, «esta maior facilidade de declarar nulos os casamentos nem sempre acontece» porque os «tribunais eclesiásticos estão entupidos de processos e não há juízes nem especialistas».

Opinião semelhante tem Saturino Gomes, director do Instituto Superior de Direito Canónico da Universidade Católica Portuguesa (UCP). «Faltam pessoas mais disponíveis para se especializarem nesta área», afirmou o sacerdote, que organiza o encontro em Fátima. Nesse sentido, nos últimos 16 anos têm sido realizadas jornadas de sensibilização para angariar especialistas e juristas em Direito Canónico junto dos leigos, mas o número de interessados é insuficiente para as necessidades das dioceses.

«Há tribunais que demoram mais de cinco anos a julgar casos deste tipo», explicou um sacerdote, salientando que os leigos ainda «não estão suficientemente despertos» para esta questão.

Na maioria das dioceses, os tribunais são compostos quase exclusivamente por sacerdotes e religiosos quando, em muitas fases processuais, deveriam ser os leigos a realizar parte do trabalho. «A actividade pastoral é tão intensa que os sacerdotes deixam sempre para o fundo das prioridades os tribunais».

Para Saturino Gomes, o Código do Direito Canónico «deve considerar-se o instrumento indispensável para assegurar a ordem, tanto na vida individual e social, como na própria actividade da Igreja», definindo o papel de cada elemento na hierarquia, mas também «as normas de comportamento» devidas.

«Uma das novidades do Código é a sistematização dos deveres e direitos dos fiéis», explicou este responsável, que compara a responsabilidade religiosa com a cidadania civil. «Na Igreja, a pessoa é titular de deveres e direitos a partir do Baptismo, porta dos sacramentos e de participação na vida da Igreja» pelo que «os deveres e direitos devem ser compreendidos numa óptica de comunhão, de unidade e de solidariedade eclesiais, não de luta e de poder».

«Leigos, padres e religiosos têm de se identificar com a sua própria vocação e estatuto, do qual derivam consequências para a inserção na Igreja», acrescentou.

Fonte: Agência Ecclesia

Mais um Convivio Fraterno

O Luis e a Marlene aceitaram o desafio... e ainda bem, é um momento único de encontro com Deus.

Os CFs são sempre únicos. São momentos diferentes e intensos de encontro com Deus. É uma novidade que Deus vai colocado no caminho de muitos jovens e hoje em particular no caminho do Luis e da Marlene.
O sim deles deixou-me muito feliz...
Existem outros motivos de alegria, que ficam para outra altura.
A todos peço que rezem pelos novos convivas, pois esta é uma experiência única nas suas vidas.

Os processos de nulidade matrimonial acumulam-se nos Tribunais Eclesiásticos

Estão a decorrer em Fátima, as Jornadas de Direito Canónico, no âmbito das comemorações dos 25 anos do Código de Direito Canónico, organizadas pelo Instituto Superior de Direito Canónico.
O Arcebispo Francesco Coccopalmerio, Presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos (Santa Sé), está presentes nas Jornadas.

Esta iniciativa termina hoje em Fátima e abordou as seguintes temáticas:
  • “A eclesiologia do Vaticano II e sua influência no CDC”;
  • “A autoridade na Igreja: do CDC 1917 ao CDC 1983”;
  • “Influência do Vaticano II na concepção de Paróquia e seus agentes pastorais”;
  • “Vaticano II e Munus sanctificandi na Igreja”;
  • “Aspectos do Direito Matrimonial”;
  • “Rosto eclesiológico e canónico do laicado e da vida consagrada na Igreja”;
  • “As sanções na Igreja”;
  • “Novidades importantes de direito processual canónico no CDC e na «Dignitas Connubii»”
  • “Aplicação do CDC em Portugal”.

Passado 25 anos ainda há muito para reflectir e muitas pistas para explorar. É um caminho que os canonistas terão de percorrer na busca da verdade e da justiça.

Os tribunais eclesiásticos estão saturados de processos de nulidade matrimonial e para que haja justiça é preciso que esta não se faça passado 5 anos. Como dizia o Director do Instituto de Direiro Canónico da Universidade Católica Portuguesa: "faltam especialista em Direito Canónico em Portugal".

sexta-feira, abril 25, 2008

Beato Manuel Fernandes - Um Santo de Celorico da Beira

Vamos celebrar, mais uma vez, a Jornada Eucarística Arciprestal. É já o IX Encontro Arciprestal.
Estes encontros, que retomámos no ano do Jubileu (2000), têm o mérito de nos ajudarem a compreender melhor e a viver mais intensamente o mistério da Eucaristia, tornado-se para nós mais claro e mais convincente que ela é realmente o centro e a fonte de toda a vida cristã.
Depois, ajudam-nos a olhar para além das paredes das nossas igrejas e das fronteiras das nossas paróquias, levando-nos a tomar consciência de que fazemos parte de uma família mais alargada – a Igreja de Cristo.
Estes encontros têm motivado uma bem significativa generosidade de todos em relação aos seminários diocesanos. E, ao mesmo tempo, têm despertado um interesse e um compromisso maiores em relação às vocações sacerdotais.
Todas estas razões levam-nos a preparar e a celebrar, com empenho e esperança, com entusiasmo e alegria, a Jornada Eucarística deste ano.

Este Ano o tema central é o Beato Manuel Fernandes. É um santo a descobrir para podermos imitar. O seu fervor, entusiasmo e vontade de levar a Palavra de Deus até às terras do Brasil devem motivar-nos a aprofundar o nosso conhecimento da Palavra de Deus para a transmitirmos no seio da nossa familia e da sociedade onde estamos inseridos.
Beato Manuel Fernandes
Rogai por nós.

terça-feira, abril 22, 2008

“Vamos dedicar-nos totalmente à oração e ao ministério da palavra”

À medida que a comunidade cristã crescia – e cada dia aumentava o número daqueles que abraçavam a fé, levantavam-se novos problemas e surgiam novas necessidades. Desta vez, os cristãos de origem grega reclamam que se preste mais atenção às suas viúvas.
Os apóstolos, sempre iluminados e movidos pelo Espírito Santo, procuram uma resposta adequada para as diferentes situações que vão aparecendo.
Neste caso, eles têm clara consciência de que o serviço aos irmãos necessitados não pode ser descuidado pela comunidade cristã. Mas também têm consciência de que não podem ser eles a fazer tudo. Serviços como o da caridade (o servir às mesas, o atender às viúvas e aos órfãos) podem ser garantidos por outros membros da comunidade. Nesse sentido, ordenam que sejam escolhidos sete homens – “homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” – para lhes confiarem essa nova tarefa.
Deste modo, os apóstolos podem dedicar o seu tempo e consagrar a sua vida, total e radicalmente, ao que é o essencial da sua missão: a oração e o serviço da palavra. As múltiplas solicitações da comunidade cristã não desviam a atenção dos apóstolos do que é específico da sua missão!
Os apóstolos sabem que, para poderem proclamar, com fidelidade e com convicção, a palavra de Deus – o Evangelho de Jesus Cristo – precisam de passar muito tempo em oração. Eles precisam de escutar a palavra, de a meditarem no seu coração, de a tornarem realidade na sua vida.

“Vamos dedicar-nos totalmente à oração e ao ministério da palavra”.
Estas devem continuar a ser as prioridades da vida e da missão do sacerdote de hoje. E como seria bom que os cristãos também entendessem, aceitassem e respeitassem esta verdade!
  • O sacerdote não é, não pode ser reduzido (ele não pode consentir que o reduzam) a um mero profissional do religioso. Ele é, por vocação e missão, um homem de Deus, que proclama a sua Palavra, testemunha a sua vida e a comunica aos homens.
  • Por conseguinte, também ele, no seguimento e na imitação de Jesus, deve ser um homem de oração. Sem uma vida espiritual consistente, toda a acção pastoral do sacerdote, por mais variada e moderna que seja, é ineficaz e vã. Poderá ter muitas iniciativas e fazer muitas coisas, poderá trabalhar desde manhã cedo até noite dentro, mas se não age iluminado pela fé e movido pelo amor de Deus, cansar-se-á inutilmente, não ajudará a crescer o Reino de Deus.

O sacerdote:

  • precisa de entrar na intimidade de Deus, dialogando com Ele;
  • precisa de experimentar a intensidade da sua vida e do seu amor, deixando-se maravilhar por Ele;
  • precisa de escutar a sua palavra, perscrutar os seus desígnios, aceitar a sua verdade, acolhê-lo no seu coração. Só assim, o sacerdote poderá dedicar-se, de alma e coração, com credibilidade e eficácia, ao ministério da Palavra.

Caso contrário, o sacerdote torna-se num “pregador vão e superficial da palavra de Deus”. Quando falta a vida interior, o sacerdote, ainda que programe e se empenhe em muitas actividades pastorais, sentir-se-á insatisfeito e infeliz.

“ … totalmente ao ministério da palavra”.

O serviço da palavra, sempre precedido e acompanhado pela oração, constitui a prioridade do ministério sacerdotal. O sacerdote realiza esta sua missão:

  • quando proclama e explica, actualizando-a para o hoje da comunidade cristã que a escuta, a palavra de Deus, durante as celebrações litúrgicas;
  • quando implementa, organiza e apoia a catequese paroquial;
  • quando acolhe e escuta as pessoas, iluminando as suas dúvidas, os seus problemas e as suas inquietações existenciais com a luz da palavra de Deus;
  • quando, á luz desta mesma palavra de Deus, interpreta e ilumina, para as ajudar a transformar positivamente, todas as realidades humanas, familiares e sociais.
  • O sacerdote está ao serviço da palavra, quando celebra a Eucaristia. Esta é o momento privilegiado da proclamação e escuta da palavra de Deus. Porém, isto não implica, muito pelo contrário, que o sacerdote a deva celebrar a toda a hora e em todos os lugares. De outro modo, não lhe restaria tempo para rezar! E muitos cristãos bem pouco se importariam com isso!
  • Também está ao serviço da palavra, quando celebra o Baptismo, preside aos casamentos ou às exéquias fúnebres. No entanto, não tem que ser ele a fazer tudo isso. Todas estas celebrações podem ser garantidas pelos diáconos ou mesmo por leigos devidamente mandatados para tal. E o mesmo se pode dizer das procissões e outras devoções religiosas, para já não falar no que se refere ao Cartório Paroquial.

Se o sacerdote tem de fazer tudo, como muitas pessoas querem e exigem, onde vai encontrar tempo para rezar e para se preparar devidamente para o que é específico do seu ministério?
Por vezes, fico com a impressão de que as pessoas não se preocupam muito com isso, ou seja, não se preocupam se o padre tem ou não tem tempo para rezar e para se preparar, ou se efectivamente reza e se prepara. O que parece ser importante para elas é que, no momento em que precisam de um qualquer serviço religioso, o padre esteja disponível e seja ele a realizá-lo. E se o padre as atende como desejam, consideram, pelo menos naquele momento, que é um bom padre, um padre como deveriam ser todos os outros.

Mas se o padre faz tudo e faz tudo como as pessoas querem, mas faz tudo de qualquer modo, sem espírito nem verdade, como pode ser bom padre? Mas será que as pessoas querem bons padres, padres apostólicos, padres como Jesus?

Que nenhum padre se iluda, pois não faltarão aqueles que darão conta da contradição da sua vida e o começarão a censurar, dizendo:

  • até pelo modo como fala, dá a entender que não acredita no que ensina (“vê-se mesmo que está a fazer um frete);
  • diz uma coisa, mas faz outra (quem o pode tomar a sério!);
  • a sua vida carece de consistência e de coerência (não é exemplo para ninguém);
  • foi para padre só para governar a vida (não tinha jeito para mais nada)!

E ainda dizem outras coisas piores …!

Para evitar estes escolhos, “Vamos (também nós) dedicar-nos totalmente à oração e ao ministério da Palavra”. Apesar de serem muitas as propostas pastorais feitas pelas estruturas diocesanas, apesar de serem muitas as solicitações e as exigências dos paroquianos, apesar de vivermos no tempo da agitação e da pressa, não podemos prescindir do tempo necessário à oração. Caso contrário – estamos conscientes disso - deitaremos tudo a perder, trabalharemos e cansar-nos-emos em vão.
E os cristãos ser-nos-ão de grande ajuda se eles levarem a sério a recomendação que lhes faz, hoje, São Pedro. “Como pedras vivas, entrai na construção deste templo espiritual …” Se os cristãos viverem como pedras vivas, ou seja, como cristãos conscientes e empenhados, se puserem a render os dons recebidos de Deus, se realizarem a missão que lhes compete no seio da Igreja, então os sacerdotes terão mais tempo para o que é mais importante, poderão realizar melhor a sua missão. E todos nós (sacerdotes e leigos) e a Igreja no seu todo só teremos a lucrar com isso.

segunda-feira, abril 14, 2008

sábado, abril 12, 2008

“Para que tenham a vida e a tenham em abundância”

No Domingo em que Jesus se apresenta como o Bom Pastor, a Igreja convida-nos a reflectir e a rezar pelas vocações de consagração.
Jesus, como Pastor responsável, escolheu e preparou alguns dos seus seguidores a quem incumbiu de continuarem a sua missão de anunciar o Evangelho, de fazer crescer o Reino de Deus e de salvar os homens. Jesus quis e quer que homens e mulheres consagrem totalmente as suas vidas ao serviço do Reino de Deus.
A fonte de toda a vocação e missão é Deus, pois é Deus que quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. O próprio Jesus foi enviado por Deus e de Deus recebeu a missão de salvar a humanidade.

É Deus que chama, ainda hoje, aqueles que devem continuar a missão do Filho. E Deus chama à maneira humana e através de mediadores humanos:
  • o testemunho dos consagrados, o apelo dos pais e de outros mestres da fé;
  • Deus interpela por meio de acontecimentos e situações da vida ou por meio das necessidades dos homens e do mundo.

Deus chama, mas não é fácil para o homem captar o chamamento de Deus.

  • É difícil captar a voz de Deus no meio de tanto ruído do mundo e de tanta agitação da vida;
  • é difícil escutar o apelo de Deus, quando a sociedade bombardeia e aliena os jovens com tantas propostas ilusórias de felicidade.

É difícil escutar, mas mais difícil é dizer sim ao convite de Deus. É difícil dizer sim, porque exige uma opção radical, uma entrega total e um compromisso para toda a vida; desprendimento e espírito de pobreza; humildade e espírito de serviço; renúncia e espírito de sacrifício; abertura ao mistério de Deus e ao transcendente.

Dizer sim a Deus é difícil, mas é possível e vale a pena.

  • Na medida em que conhecemos Jesus, quem é, o que ensinou e o que fez por nós;
  • na medida em que conhecemos o projecto de Deus, que visa a felicidade e a realização plena do homem;
  • Na medida em que reflectimos sobre a nossa vida, procurando entendê-la à luz de Deus e das relações com os outros; e descobrimos que ela não pode ser gasta de qualquer modo mas que deve ser consagrada a uma causa nobre;
  • Na medida em que tomamos consciência de que é Deus que nos chama, que quer precisar de nós e que nos dá todos os meios para realizarmos e sermos fiéis à missão que nos quer confiar;
  • Na medida em que compreendemos o alcance, a importância e a necessidade de colaborar com Cristo na construção do mundo novo que Deus sonhou para a humanidade;

então, o apelo de Deus não nos deixa indiferentes. Pelo contrário, a sua proposta seduz-nos e damos o nosso sim com generosidade e com alegria!

Esta caminhada de descoberta e de aceitação do projecto de Deus a nosso respeito faz-se através da escuta da palavra de Deus e da oração. Só abrindo o nosso coração a Deus, dando-lhe a oportunidade de se manifestar a nós, poderemos descobrir e compreender o que Ele realmente pretende, qual a proposta que nos faz, qual a missão que nos quer confiar.

“Para que tenham a vida e a tenham em abundância”.

Aqueles cristãos que sentem realmente necessidade de Cristo, da sua palavra, do seu amor e do seu perdão; aqueles que não podem viver sem a Eucaristia e sem o Domingo; esses, seguramente, não só rezam como interpelam, estimulam e acarinham os que são chamados por Deus.
Se aumentar o número destes cristãos e destas comunidades, aumentará certamente o número dos consagrados e, consequentemente, a vida de Deus será mais abundante na vida dos homens.

quarta-feira, abril 09, 2008

sábado, abril 05, 2008

A CRUZ de S. Damião em Celorico da Beira

A Família Franciscana vive um triénio de preparação para o grande jubileu do ano 2009.
Nessa data celebram-se os 800 anos da conversão de S. Francisco de Assis, do início do carisma franciscano e da aprovação da “forma de vida evangélica” por parte de Inocêncio III.
Um dos passos decisivos nesta conversão foi o encontro do jovem Francisco com o Crucifixo de S. Damião. Por isso, a Família Franciscana Portuguesa lançou, neste triénio de preparação, a peregrinação da Cruz de S. Damião por todas as Fraternidades e Comunidades franciscanas do país. O ano passado a Cruz percorreu as dioceses do Sul e este ano cabe às dioceses do Centro recebê-la.
A Cruz de S. Damião entrará na Guarda no Domingo 30 de Março. No final de Abril será transmitida a Lamego.
Em Celorico da Beira vai estar no dia 11 (Sexta Feira).

sexta-feira, abril 04, 2008

Sabia que temos um santo em Celorico da Beira

Na IX Jornada Eucarística (27 de Abril), queremos também dar a conhecer e fomentar a devoção aos Mártires do Brasil. E temos uma boa razão para o fazer: um deles, de nome Manuel Fernandes, era natural de Celorico da Beira!
Trata-se de 40 jovens jesuítas, quase todos entre os 20 e os 30 anos de idade, que se dirigiam de barco para o Brasil, a fim de ajudar na sua evangelização. Junto às ilhas Canárias, em 15 de Julho de 570, foram atacados por navios calvinistas (protestantes) que, sabendo que eles eram missionários católicos, os assaltaram e deitaram ao mar.
Estes mártires foram beatificados pelo Papa Pio IX, em 11 de Maio de 1854. Para a sua canonização, é condição necessária que o seu culto seja reconhecido como permanente entre o povo cristão ou que seja realizado um milagre por seu intermédio.
Cada um destes mártires merece a memória, a devoção, a imitação e a homenagem dos seus conterrâneos, que, por sua vez, se devem sentir orgulhosos deste seu glorioso antepassado, reconhecido pela Igreja, a nível mundial.
Também nós, os cristão do Arciprestado de Celorico da Beira, devemos conhecer melhor e dar mais importância ao mártir Manuel Fernandes. É um santo da nossa terra, alguém que se deixou seduzir por Cristo ao ponto de O querer dar a conhecer entre os povos do Brasil! Façamos dele nosso modelo de santidade e intercessor junto de Deus!

segunda-feira, março 31, 2008

"Gozavam da simpatia de todo o povo"

O livro dos Actos dos Apóstolos, muito concretamente no texto que escutámos, mostra-nos como viviam, nos primórdios da Igreja, aqueles que acreditavam no Senhor ressuscitado.

“Viviam unidos e tinham tudo em comum”. Viviam “como se tivessem uma só alma”, partilhavam o que tinham, distribuindo os bens “conforme as necessidades de cada um”. Aqueles que compartem a mesma fé em Jesus ressuscitado constituem uma verdadeira família. A fé leva-os à partilha do coração, ou seja, une-os no amor. Amor que, por sua vez, os impele a partilhar os bens que possuem, dando especial atenção aos irmãos mais carenciados. A fé e o amor – realidades inseparáveis – levam os cristãos a fazer tudo “com alegria e simplicidade de coração”.
A unidade e a comunhão, o desprendimento e a partilha, a simplicidade e a alegria dos cristãos tornam-se numa interpelação e num apelo para os seus concidadãos. Estes admiram o modo de viver dos cristãos e sentem simpatia por eles. Como consequência, são muitos os que acreditam em Jesus, dispostos a seguir o mesmo modelo de vida.
A vida daqueles cristãos – cristãos que realmente acreditam e vivem animados pela ressurreição de Cristo – constitui uma pregação viva e eficaz de Jesus e do seu Evangelho.
A fé daqueles cristãos, a coerência da sua vida e a sua perseverança explicam-se porque eles “eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações”.
Não basta acreditar. A fé do homem precisa de ser, continuamente:

esclarecida e aprofundada na escuta da palavra de Deus e na catequese;

alimentada e fortalecida na celebração dos sacramentos e na oração;

vivida e concretizada em actos e gestos de amor ao próximo.

Aqui reside o segredo e a alma de uma vida que responde, com seriedade e fidelidade, às exigências da fé em Jesus ressuscitado.

“Gozavam da simpatia de todo o povo”.

  • A nossa comunidade cristã, pelo modo como vive e como celebra a sua fé, é testemunha autêntica e convincente da ressurreição de Cristo? E nós, pelo modo como vivemos no seio da comunidade cristã e pelo modo como nos inserimos no seio da sociedade humana, testemunhamos uma fé viva e comprometida, alegre e contagiante?
  • Ou na nossa comunidade há divisões e conflitos, pessoas que vivem de costas viradas e sem se falarem? Temos consciência de que a fé exige ser vivida em comunidade e não se reduz a uma mera questão privada e pessoal?
  • Na hora da verdade, damos a cara e defendemos os valores do Reino de Deus, ainda que seja à custa de grandes renúncias e sacrifícios?
  • Gerimos os nossos bens como se eles fossem exclusivamente nossos, ou sabemos e estamos dispostos a partilhá-los com quem precisa?
  • Somos cristãos com alma e com paixão, ou somos cristãos acomodados e adormecidos?
  • Quem olha para nós, vendo a nossa vida e as nossas obras, poderá concluir que acreditamos realmente no Deus da vida e do amor, no Deus que garante a ressurreição e a vida eterna?
Aplicar-se-á a nós a crítica que muitos dirigem aos cristãos, sobretudo aos ditos praticantes, de que não são melhores do que os outros (ou que até são piores do que os outros)? Se não somos melhores do que os outros é sinal de que não somos cristãos autênticos.
Para sermos cristãos convictos e convincentes como os dos primeiros tempos, devemos imitá-los na fidelidade ao ensino, à celebração da Eucaristia, à oração e ao amor fraterno. Sem uma ligação íntima e contínua a Cristo, pela escuta da palavra de Deus e pela vida sacramental, a fé não sobrevive.
  • Impressiona-me que muitos cristãos se sintam bem com a sua ignorância e, por conseguinte, não aproveitem as oportunidades que lhes são dadas para aprofundarem e fortalecerem a sua fé. A pior ignorância é a daquele que já não sente necessidade nem vontade de aprender! Muitos não têm motivação nem curiosidade em conhecer melhor Deus.
  • Impressiona-me que muitos cristãos não considerem a Eucaristia dominical importante e necessária e, por conseguinte, se dispensem dela, com a maior leviandade? Não tem noção do valor do tempo, aquele que não dá tempo ao que realmente é importante!
  • Impressiona-me que muitos ditos cristãos pensem e se convençam que podem viver a sua fé sem quaisquer referências à vida da comunidade cristã e sem assumirem qualquer compromisso com ela. Esses esquecem que a fé, se não é celebrada e vivida comunitariamente, acaba por morrer!

Aqueles que verdadeiramente acreditam em Jesus Cristo desejam conhecê-lo sempre mais, anseiam por encontrar-se com Ele e acolhê-lo nas suas vidas, dão naturalmente testemunho dele diante dos homens. E com cristãos assim, a comunidade cristã irradia a luz de Cristo ressuscitado, atraindo os homens para Ele e levando-os a glorificar o Pai celeste.

terça-feira, março 25, 2008

Uma grande Esperança


Ajuda-nos, Senhor, a levar a tua

ressurreição dentro de nós pelo mundo.

Põe uma grande esperança

no coração dos homens

especialmente dos que choram.

Concede a quem não crê em ti

que compreenda que a tua Páscoa

é a única força da história

perenemente subersiva.

E, depois, finalmente, ó Senhor,

restitui-nos também a nós, teus crentes,

à nossa condição de homens.

segunda-feira, março 24, 2008

sábado, março 22, 2008

segunda-feira, março 17, 2008

Dia Mundial da Juventude


JESUS CRISTO SUPERSTAR - Musica: "Canção de Judas"
No Dia Mundial da Juventude, Domingo de Ramos, juntaram-se mais uma vez os jovens do Arcisprestado de Celorico da Beira. Logo pela Manhã, no Centro Pastoral, preparou-se a Eucaristia.
Já depois da bênção dos Ramos, na Igreja de Santa Maria, jovens e adultos foram desafiados a viver como testemunhas de Jesus a partir da mensagem de Bento XVI, para este dia.
Os jovens, além da dinamização dos cânticos, ofereceram à comunidade a sua vitalidade com uma bela apresentação dos dons e uma coreografia alusiva ao tema deste dia.

Depois do banquete espiritual foi hora do convívio e almoço partilhado.

A meio da tarde, quatro grupos foram desafiados a pecorrer a vila através de um pady-paper onde descobriram mais coisas sobre Celorico e Jesus Cristo. Na parte final do dia houve lugar para muita música, dança e lanche. Cá estaremos com a a mesma alegria para o ano, esperando mais adesão da nossa juventude!

Diac. Gilberto

sexta-feira, março 14, 2008

Amanhã é Dia do Pai

O Directório Litúrgico, bem como a Agenda de 2008, publicados pelo Secretariado Nacional de Liturgia (SNL), indicam o dia 1 de Abril como aquele para o qual deve ser transferida, este ano, a Solenidade de São José, de acordo com as Normas Universais do Ano Litúrgico e do Calendário (n. 56f).

Só que, já depois de preparado e impresso o texto daquelas publicações, o SNL teve conhecimento de que a Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, estabelecera, através de uma Notificação publicada na revista Notitiae, que em 2008 a solenidade de São José deverá ser celebrada no dia 15 de Março, ou seja no sábado que precede o Domingo de Ramos.

Por isso, neste ano de 2008, a Solenidade de São José deve ser celebrada no dia 15 de Março, e não no dia 1 de Abril.

AMANHÃ É DIA DO PAI

O Directório Litúrgico, bem como a Agenda de 2008, publicados pelo Secretariado Nacional de Liturgia (SNL), indicam o dia 1 de Abril como aquele para o qual deve ser transferida, este ano, a Solenidade de São José, de acordo com as Normas Universais do Ano Litúrgico e do Calendário (n. 56f).

Só que, já depois de preparado e impresso o texto daquelas publicações, o SNL teve conhecimento de que a Congregação do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, estabelecera, através de uma Notificação publicada na revista Notitiae, que em 2008 a solenidade de São José deverá ser celebrada no dia 15 de Março, ou seja no sábado que precede o Domingo de Ramos.

Por isso, neste ano de 2008, a Solenidade de São José deve ser celebrada no dia 15 de Março, e não no dia 1 de Abril.

segunda-feira, março 10, 2008

"Alegro-me por não ter estado lá"

Ao saber que Lázaro estava doente, Jesus, em vez de correr ao seu encontro para o curar, permanece por mais dois dias no local onde se encontrava. Parece não se incomodar muito nem dar muita importância ao facto. Depois, ao saber que Lazaro morreu, Jesus manifesta o seu contentamento: “alegro-me por não ter estado lá”. Parece que até ficou satisfeito por Lazaro ter morrido.

Jesus surpreende-nos e desconcerta-nos, frequentemente, com as suas reacções! Neste caso concreto, como acreditar que Jesus era realmente amigo de Lazaro, de Marta e de Maria! Não estará Jesus a pôr em causa a amizade que o unia aquela família?!
Ao referir-se à doença de Lazaro, Jesus diz: “Essa doença é para que por ela seja glorificado o Filho do homem”. Por sua vez, ao referir a vantagem de não ter estado lá, Jesus, dirigindo-se aos discípulos, aponta um motivo importante: “por vossa causa … para que acrediteis”.
Como entender as vantagens da doença e morte de Lazaro?
O desenrolar da história dar-nos-á uma resposta óbvia e convincente.

Jesus alegra-se por não ter estado lá para o curar, porque assim pode manifestar o seu poder divino, chamando-o da morte à vida. É mais importante e mais revelador ressuscitar Lázaro do que ter restabelecido a sua saúde! Manifestando o seu poder sobre a morte (poder que nenhum homem tem, poder que é próprio de Deus) Jesus leva os seus discípulos e muitos dos judeus presentes a acreditarem nele. Ainda bem que Jesus não estava lá. Precisamente porque não estava lá, muitos puderam testemunhar a ressurreição de Lázaro e acreditar em Jesus.

“Alegro-me por não ter estado lá”.
  • Se tivesse estado lá, não teria acontecido o diálogo, tão franco e tão revelador, entre Jesus e Marta. Através dele, Jesus apresenta-se como “a ressurreição e a vida”, o Senhor da vida e da morte, e garante que quem nele acredita nunca morrerá. Por Ele, os homens têm acesso à vida eterna de Deus.
  • Por sua vez, Marta tem a oportunidade de professar a sua fé em Jesus: “Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo”. A dor que sente pela morte do irmão não rouba a Marta a capacidade de ouvir nem a priva da sua lucidez. Pelo contrário, ela escuta e com-preende as palavras e as razões de Jesus. Por isso, daquele diálogo sai mais esclarecida a sua fé e mais forte o seu amor por Jesus!
  • Ainda bem que Jesus não estava lá. Todos nós lucramos com esse facto! Lucramos com a revelação de Jesus e com o testemunho de Marta!
“Alegro-me por não ter estado lá”.
Não tendo estado lá antes, quando parecia mais lógico e necessário que estivesse, Jesus tem a oportunidade de mostrar (de um modo ainda mais evidente e convincente) como era amigo daquela família e como era profundamente humano.
Jesus, ao ver “Maria chorar e vendo chorar também os judeus que vinham com ela, comoveu-se profundamente e perturbou-se”. E, depois, ao aproximar-se do local onde tinham colocado o corpo de Lázaro, “Jesus chorou”.
Jesus comove-se e chora, porque é sensível à dor e às lágrimas dos familiares e amigos de Lázaro. Mas Jesus chora também porque era efectivamente muito amigo de Lázaro. As lágrimas, quando são autênticas, são sinal de uma verdadeira amizade. Os próprios judeus o intuem e, por conseguinte, comentam com admiração: “vede como era seu amigo!”
Ainda bem que Jesus não estava lá! Assim, Ele pôde dar este extraordinário testemunho de amizade. Jesus, o Filho de Deus, que tem poder para ressuscitar Lázaro, mostra-se profunda e admiravelmente humano, chorando por Lázaro morto!

“Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”.
Estas são as palavras com que Marta e Maria, em separado, se dirigem a Jesus, quando se encontram com Ele, após a morte do irmão. Segundo elas, foi uma pena que Ele não tivesse chegado antes, a tempo de o curar, pois estão convictas de que Ele poderia ter evitado a sua morte. Como vimos, Jesus pensa de maneira diferente. Ele considera melhor não ter estado lá. E a história, o que Ele realizou e o que aconteceu depois, confirmam que Jesus tinha razão.
Não tendo estado lá, na altura em que as duas irmãs julgavam que deveria estar, Jesus pôde revelar melhor a sua verdadeira identidade: revelou a sua divindade, ressuscitando Lazaro, e mostrou a sua humanidade, chorando por ele e comovendo-se com todos os que choravam. Além disso, e esse é o principal objectivo de Jesus, muitos, testemunhando o que Ele fez por Lázaro, acreditaram nele.

Muitas vezes censuramos Deus
  • Porque Ele, pensamos nós, não se encontra no lugar certo nem actua na hora certa, ou seja, Deus não está onde e quando é preciso nem actua segundo as nossas necessidades.

  • Por vezes, ficamos com a impressão de que Deus não está do nosso lado nem age em nosso favor como seria de esperar do verdadeiro Deus. Quase parece que Deus está no contra!

A história do Evangelho mostra que Deus, muito melhor do que nós, conhece o que nos faz falta e convém, para a nossa vida e para a nossa salvação. Ele, melhor do que nós, sabe qual é o momento certo para agir na vida do homem e em seu favor.

Não nos compete julgar Deus, muito menos julgá-lo desde as nossas perspectivas, segundo as nossas conveniências e as nossas pressas. Felizmente, a lógica e os ritmos de Deus não coincidem com a lógica e os ritmos dos homens! Se Deus andasse ao mando dos homens, o mundo estaria, seguramente, muito pior!

Por isso, só temos a ganhar, se dermos a Deus plena liberdade para actuar na nossa vida, se colaborarmos com Ele para que em nós se cumpra a sua vontade, para que em nós se realizem os seus desígnios de amor!

sábado, março 08, 2008

Jesus - LUZ DO MUNDO

Jesus apresenta-se como a Luz do mundo.
Ele é a luz dos homens porque, com a sua Palavra e a sua vida, venceu a cegueira da ignorância e do pecado. O ditado diz: "quem não sabe é como quem não vê". Cego é aquela que vive privado da luz da verdade e da graça de Deus.

O episódio da cura do cego de nascença recorda-nos que as doenças não são um castigo de Deus pelos pecados dos homens. O milagre é apenas o pretexto para Jesus nos oferecer uma visão diferente e mais positiva de Deus e do homem, e, ao mesmo tempo, para revelar e provar a sua verdadeira identidade.
Jesus também é luz para os homens, ao realizar a cura do cego num dia de sábado. Os fariseus ficam irritados e pensam mal de Jesusm porque Ele transgride a lei do descanso sabático. As leis, mesmo as leis religiosas, não têm legitimidade quando não salvaguardam o bem da pessoa humana.
Curando em dia de sábado, Jesus mostra que todos os dias são bons para fazer o bem. Para Deus, a única lei que vale sempre e que nunca deve ser transgredida é a lei do amor, porque esta é a única lei que está ao serviço da pessoa humana.
Cegos são aqueles que não querem ver, porque lhes dá jeito não ver a verdade!
Nada é evidente para quem não quer ver!

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

“Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo”

Jesus e uma mulher samaritana encontram-se junto ao poço de Jacob e estabelecem entre si um prolongado e curioso diálogo.
O próprio diálogo em si - o facto de ele acontecer - já constitui algo de surpreendente. Na verdade, trata-se de uma conversa entre um homem e uma mulher, em lugar público e à luz do dia, o que era considerado reprovável. Até “os discípulos ficaram admirados por Ele estar a falar com aquela mulher”. Além disso, trata-se de uma mulher samaritana. Ora, como informa o evangelista, “os judeus não se dão com os samaritanos”.
Depois, o diálogo é, de parte a parte, franco e provocador. Cada um pergunta e responde, sem rodeios nem reservas, o que pensa e o que sente.
A samaritana considera um atrevimento que Jesus tenha metido conversa com ela, pedindo-lhe de beber, e, por conseguinte, interpela-o, em tom de censura: “como é que tu sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana? Mais adiante, põe em dúvida que Jesus lhe possa dar uma “água viva”, uma água superior à daquele poço: “serás tu maior do que o nosso pai Jacob?”

Por sua vez, Jesus também a provoca, quando a manda ir chamar o marido, sabendo Ele muito bem, como confirmará depois, que ela se encontra numa situação irregular. “Não tens marido, pois já tiveste cinco e aquele que tens agora não é teu”. No entanto, com esta sua intervenção, Jesus, de modo algum, pretende humilhar a mulher. Pelo contrário, deseja ajudá-la a tomar consciência da realidade em que vive e a levá-la à conversão.
Jesus também questiona e corrige a concepção que ela tem quanto ao lugar em que se deve prestar culto a Deus. Para Deus, o importante não é o lugar de culto, seja Jerusalém ou Garizim, mas que as pessoas prestem culto em “espírito e em verdade, um culto que brote do coração, que seja autêntico e sincero.


O Diálogo vence todas as barreiras e preconceitos, a nível étnico, cultural e religioso. E, acima de tudo, permitiu à samaritana chegar ao verdadeiro conhecimento de Jesus. Foi precisamente esse objectivo que motivou Jesus a provocar aquela conversa! Jesus fala com as pessoas, não para se entreter ou passar o tempo, mas para se lhes dar a conhecer.
A mulher, no início do diálogo, pensa que Jesus é apenas um judeu, um judeu atrevido! Depois, quando Jesus mostra conhecer a sua vida pessoal, suspeita que seja um profeta. De seguida, o próprio Jesus se apresenta como o Messias esperado. Finalmente, com todos os outros seus conterrâneos, descobre e confessa que Jesus é o Salvador do mundo.


Tudo começou por um encontro, aparentemente, fortuito, e, a partir deste, chega ao encontro pessoal com o Salvador dos homens! Foi ao poço como todos os outros dias, buscar água, mas, nesse dia, tendo encontrado lá a Fonte da água viva, voltou repleta dessa água que “jorra para a vida eterna”!
E essa “água viva” - a vida de Deus a circular já na sua vida - impele-a a deixar a bilha junto ao poço e a correr à cidade, para partilhar com os seus concidadãos aquela extraordinária experiência. E, reconhecendo que eles só têm a ganhar fazendo a mesma experiência, convida-os a ir ter com Jesus.
Os samaritanos foram pressurosos ao encontro de Jesus e entusiasmaram-se tanto que lhe pediram que ficasse mais algum tempo com eles. Depois de dois dias com Jesus, muitos acreditaram nele e disseram à mulher: “já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo”.
O ter Jesus no meio deles e sentir a sua proximidade, o viver com Jesus e testemunhar a sua vida, o verificar como Jesus se interessa por eles e o experimentar como Ele os ama, motiva a fé daqueles homens e mulheres.
  • Não basta conhecer Deus só de ouvido, ou seja, pelo que os outros dizem, ainda que sejam excelentes pregadores;
  • não basta conhecer as verdades sobre Deus, ainda que sejam expostas pelos mais qualificados teólogos;
  • não basta participar nas acções litúrgicas, ainda que sejam as mais esplendorosas;
  • não bastam os exemplos dos santos, ainda que sejam os mais famosos.
Tudo isso ajuda mas não basta. É indispensável que cada um faça a experiência pessoal de Deus. Só então a fé acontece - uma fé que entusiasma o homem e transforma a sua vida!
A mulher devia ter ido com pressa buscar a água. De resto, “era por volta do meio-dia” e fazia muito calor! No entanto, bem depressa esqueceu a pressa e se abstraiu do calor, entregando-se inteiramente à conversa com Jesus! E, depois, ainda teve tempo para conduzir muitos outros até Jesus!
A pressa faz-nos perder graças de Deus e impede-nos de fazer bem ao nosso semelhante. Mas a pressa que nós temos não se deve tanto à falta de tempo mas muito mais à falta de amor.

domingo, fevereiro 24, 2008

TESTE A SUA VIVÊNCIA QUARESMAL

A atitude ante a oração ou os actos de piedade, a convivência com os outros ou simplesmente a capacidade para estar em silêncio podem dar pistas sobre a temperatura da vida espiritual de cada um. Ainda que a fé não se possa medir, estas perguntas podem ajudá-lo a saber como está a sua vida espiritual:

1. Custa muito a manter-se em silêncio e, quando está sozinho, costuma ligar todos os electrodomésticos que há em sua casa?

2. Costuma dedicar tempo a orar nalgum momento do dia?

3. Aos domingos, participa na Santa Missa?

4. Os actos de piedade aborrecem-no e foge de todo o religioso porque o enfada?

5. Sofre de ansiedade continuamente e o mau génio apodera-se de si com facilidade?

6. Vive bem, mas sente que a sua vida está vazia e que algo lhe faz falta?

7. Desfruta com plenitude do tempo e consegue arranjar tempo para tudo?

8. É tolerante e encontra o lado positivo nas situações difíceis?

9. Vive criticando os outros e costuma impor os seus pontos de vista?

10. Sente que Deus não o escuta, não o quer ou Se esqueceu de si?

11. É capaz de reconhecer os seus erros e de pedir perdão?

12. Agradece a Deus e aos outros pelos favores recebidos?

Respostas:

—1 Sim. 2 Não. 3 Não. 4 Sim. 5 Sim. 6. Sim. 7. Não. 8 Não. 9 Sim. 10 Sim. 11 Não. 12 Não.
Você tem totalmente descuidada a sua vida espiritual; isto pode provocar um grande desequilíbrio. É hora de voltar para Deus.

—1 Não. 2 Sim. 3 Sim. 4 Não. 5 Não. 6 Não. 7 Sim. 8 Sim. 9 Não. 10 Não. 11 Sim. 12 Sim.
Aparentemente, você esforça-se por cultivar a sua vida espiritual, mas tenha cuidado, pois ninguém é tão perfeito.

— Se as suas respostas não são Sim ou Não, mas Às vezes seguramente deve ser mais ordenado e paciente, mas está no bom caminho. Ânimo!

— As outras múltiplas opções de resposta indicam que você está em processo de conversão. Aproveite a Quaresma para acolher o Espírito.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

As tentações de Jesus são as mesmas de hoje

As tentações que Jesus enfrentou e venceu são as mesmas com que nós temos de nos confrontar e às quais, muitas vezes, sucumbimos.

Jesus, apesar das propostas tentadoras do Demónio, manteve sempre a sua clarividência quanto ao lugar de Deus, defendendo que o homem precisa da palavra que sai da boca de Deus e que o homem só deve adorar Deus e só a Ele deve prestar culto. O homem, por sua vez, perdeu a lucidez e cedeu perante a hipótese de vir a ser como um deus. O homem convenceu-se de que poderia ser mais ele mesmo e mais feliz, se expulsasse Deus da sua vida e ocupasse o seu lugar.

Esta atitude do homem, que pode ser mais ou menos consciente e explícita, leva-o a querer tudo, a mandar em todos e a ser o centro de todas as atenções. Quem cai na tentação de excluir Deus da sua vida, cai também na tentação de idolatrar a riqueza, a fama e o poder. E quando o homem se julga no direito de se impor e sobrepor aos outros e de usar tudo e todos em função de si mesmo, pondo de lado a verdade e o amor, são gravemente perturbadas as relações humanas, quer a nível familiar quer a nível social.
Quando encara e gere assim a sua vida, o homem não respeita os direitos e a dignidade dos outros. Deste facto e do choque de interesses que ele provoca, surgem toda a espécie de conflitos, diferentes formas de opressão, profundas injustiças e desigualdades e todo o cortejo de misérias que afectam tão gravemente as famílias e a sociedade.

Jesus, no deserto, venceu as tentações e, na cruz, venceu o pecado do homem. Na medida em que acredita em Cristo e O acolhe na sua vida, o homem pode recuperar a dignidade e a liberdade que o pecado lhe roubou. Nessa caminhada de regeneração interior, o homem precisa do deserto e de silêncio, do Espírito Santo e de oração. O silêncio interior deixa-nos ouvir a voz de Deus e entrar em comunhão com Ele. E só quando olhamos para dentro de nós mesmos e deixamos que o Espírito santo nos ilumine, vemos a verdade do que somos, descobrimos que não somos um deus e reconhecemos que só temos a lucrar se renunciarmos a essa pretensão.

Deus não é um rival nem constitui uma ameaça para o homem. Pelo contrário é um Pai e um amigo. Assim, compreendemos e aceitamos a importância da sua palavra para a nossa vida, reconhecemo-lo como o único Deus, o único ao qual devemos adorar e prestar culto.
À luz da fé neste verdadeiro Deus:
  • entendemos a riqueza na linha da justiça e da partilha;
  • compreendemos o poder como uma missão e um serviço;
  • olhamos para o nosso semelhante com respeito, reconhecendo e apreciando as suas qualidades, as suas virtudes e o seu valor.

sábado, fevereiro 09, 2008

«Cristo fez-se pobre por vós» Mensagem para a Quaresma

Queridos irmãos e irmãs!

1. Todos os anos, a Quaresma oferece-nos uma providencial ocasião para aprofundar o sentido e o valor do nosso ser de cristãos, e estimula-nos a redescobrir a misericórdia de Deus a fim de nos tornarmos, por nossa vez, mais misericordiosos para com os irmãos. No tempo quaresmal, a Igreja tem o cuidado de propor alguns compromissos específicos que ajudem, concretamente, os fiéis neste processo de renovação interior: tais são a oração, o jejum e a esmola. Este ano, na habitual Mensagem quaresmal, desejo deter-me sobre a prática da esmola, que representa uma forma concreta de socorrer quem se encontra em necessidade e, ao mesmo tempo, uma prática ascética para se libertar da afeição aos bens terrenos. (…) A esmola ajuda-nos a vencer esta incessante tentação, educando-nos para ir ao encontro das necessidades do próximo e partilhar com os outros aquilo que, por bondade divina, possuímos. (…)

2. Segundo o ensinamento evangélico, não somos proprietários mas administradores dos bens que possuímos: assim, estes não devem ser considerados propriedade exclusiva, mas meios através dos quais o Senhor chama cada um de nós a fazer-se intermediário da sua providência junto do próximo. (…)

3. O Evangelho ressalta uma característica típica da esmola cristã: deve ficar escondida. «Que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita», diz Jesus, «a fim de que a tua esmola permaneça em segredo» (Mt 6, 3-4). (…) que esta consciência acompanhe cada gesto de ajuda ao próximo evitando que se transforme num meio nos pormos em destaque. Se, ao praticarmos uma boa acção, não tivermos como finalidade a glória de Deus e o verdadeiro bem dos irmãos, mas visarmos antes uma compensação de interesse pessoal ou simplesmente de louvor, colocamo-nos fora da lógica evangélica. (…) A esmola evangélica não é simples filantropia: trata-se antes de uma expressão concreta da caridade, virtude teologal que exige a conversão interior ao amor de Deus e dos irmãos, à imitação de Jesus Cristo, que, ao morrer na cruz, Se entregou totalmente por nós. Como não agradecer a Deus por tantas pessoas que no silêncio, longe dos reflectores da sociedade mediática, realizam com este espírito generosas acções de apoio ao próximo em dificuldade? De pouco serve dar os próprios bens aos outros, se o coração se ensoberbece com isso: tal é o motivo por que não procura um reconhecimento humano para as obras de misericórdia realizadas quem sabe que Deus «vê no segredo» e no segredo recompensará.

4. Convidando-nos a ver a esmola com um olhar mais profundo que transcenda a dimensão meramente material, a Escritura ensina-nos que há mais alegria em dar do que em receber (…). Todas as vezes que por amor de Deus partilhamos os nossos bens com o próximo necessitado, experimentamos que a plenitude de vida provém do amor e tudo nos retorna como bênção sob forma de paz, satisfação interior e alegria. (…)

A esmola, aproximando-nos dos outros, aproxima-nos de Deus também e pode tornar-se instrumento de autêntica conversão e reconciliação com Ele e com os irmãos.

5. A esmola educa para a generosidade do amor. (…) Não se resume porventura todo o Evangelho no único mandamento da caridade? A prática quaresmal da esmola torna-se, portanto, um meio para aprofundar a nossa vocação cristã. Quando se oferece gratuitamente a si mesmo, o cristão testemunha que não é a riqueza material que dita as leis da existência, mas o amor. Deste modo, o que dá valor à esmola é o amor, que inspira formas diversas de doação, segundo as possibilidades e as condições de cada um.

6. Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma convida-nos a «treinar-nos» espiritualmente, nomeadamente através da prática da esmola, para crescermos na caridade e nos pobres reconhecermos o próprio Cristo. (…) Com a esmola, oferecemos algo de material, sinal do dom maior que podemos oferecer aos outros com o anúncio e o testemunho de Cristo, em cujo nome temos a vida verdadeira. Que este período se caracterize, portanto, por um esforço pessoal e comunitário de adesão a Cristo para sermos testemunhas do seu amor. Maria, Mãe e Serva fiel do Senhor, ajude os crentes a regerem o «combate espiritual» da Quaresma armados com a oração, o jejum e a prática da esmola, para chegarem às celebrações das Festas Pascais renovados no espírito. Com estes votos, de bom grado concedo a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 30 de Outubro de 2007
Papa Bento XVI

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Vive esta Quaresma guiado pelo Pe. António Vieira

"Não há motivo mais eficaz para Deus perdoar,
do que da nossa parte o rogar".

"Para falar ao vento, bastam palavras;
para falar ao coração, são necessárias obras ".

"A pregação que frutifica,
a pregação que aproveita
não é aquela que dá gosto ao ouvinte,
é aquela que lhe dá pena".

"Cada um é da cor do seu coração".

No dia em que celebramos 400 anos do nascimento do Pe. António Vieira, que magnificos pensamentos para começarmos esta Quaresma. Que pena que este português não seja mais conhecido e estudado...

sábado, fevereiro 02, 2008

Seduz-te a ideia da vida eterna?

“É grande nos Céus a vossa recompensa”.
No Domingo passado, Jesus dirigiu-nos este convite: “arrependei-vos, porque o reino de Deus está próximo”. Foi com estas palavras que Jesus deu início à sua pregação. E elas constituem a síntese do Evangelho de Jesus.
Hoje, através das bem-aventuranças, Jesus indica as atitudes e os sentimentos que o homem deve ter, o que o homem deve fazer e o modo como deve viver:
  • para acolher e pertencer ao reino de Deus;
  • para o ajudar a construir no mundo dos homens;
  • e para o receber como herança na vida eterna.

    “É grande nos Céus a vossa recompensa”.
És sincero, quando dizes, ao professares a tua fé: “espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há-de vir”? Estas palavras correspondem ao que realmente sentes e acreditas?

Acreditas o suficiente em Deus como para acreditares também que Ele te criou para a eternidade? Acreditas que Jesus é “a ressurreição e a vida” e que pode garantir a ressurreição e a vida eterna a todos os que nele acreditam?
Seduz-te a ideia de uma vida eterna?
Deslumbra-te a possibilidades de a receberes como herança? Sentes-te estimulado a percorrer o caminho para a alcançares?

Ao contemplar o mundo, a sua grandeza e a sua beleza, o tempo e a trajectória da sua evolução; ao seguir o desenrolar e o fio condutor da história humana; ao olhar para a intimidade do meu ser e ao perscrutar as minhas inquietações e aspirações existenciais; descubro, antes de mais, que Deus existe. Deus é para mim uma evidência e uma necessidade inquestionáveis.
Depois, descubro que o mundo existe para o homem e que é o homem que dá sentido ao mundo. Sim, que sentido teria o mundo, se o homem não estivesse no mundo para o contemplar e o usufruir?

Descubro ainda que o homem, todo o homem, deseja vencer as fronteiras do espaço e do tempo; no mais fundo de si mesmo, todo o homem aspira a encontrar-se com Deus e a ser como Ele. E nisto não há pecado. Pecado existe, e gravíssimo, quando o homem pretende eliminar Deus da sua vida e ocupar o seu lugar.

De resto, o próprio Deus quis e quer que o homem seja semelhante a Ele. Na verdade, Criou-o à sua imagem. Como consequência lógica, Deus exorta todos os homens: “sede santos, porque Eu, o vosso Deus, sou santo”. Por sua vez, Jesus, situando-se na mesma linha e seguindo a mesma lógica, diz-nos: “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste”. E o apóstolo São João confirma que um dia “seremos semelhantes a Ele (Deus), porque O veremos tal como Ele é”.
O facto de Deus ter criado o mundo a pensar no homem e ter constituído o homem como o administrador do mundo; o facto de o mundo existir há tanto tempo e o facto de o homem existir tão pouco tempo neste mundo; o facto de Deus ter criado o homem à sua imagem e de o homem desejar ser como Deus; levam-me a concluir e a acreditar que Deus criou o homem a pensar no mundo do Céu - o mundo de Deus, o mundo da eternidade. Deus criou este mundo a pensar no homem e criou o homem a pensar no Céu!!!



Mas temos mais razões para esperar “a vida do mundo que há-de vir”.
  • Jesus Cristo, com as suas palavras e com as suas obras, e mais ainda com a sua ressurreição, mostrou e provou que era o Filho de Deus. Mas que interesse teria para nós a vinda do Filho de Deus ao nosso mundo, se Ele não vencesse a nossa morte com a sua morte e com a sua ressurreição não garantisse a nossa? Teria sido em vão a sua vinda, seria inútil acreditar nele, seria uma ilusão seguir a trás dele. “Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram”(1Cor 15, 20).

  • Muitos procuram justificar as suas dúvidas ou mesmo a sua descrença, argumentando que aqueles que partem (os mortos) não dão sinais de vida. Mas esses, que assim pensam e falam, enganam-se.
Os milagres que Deus realiza por intercessão dos santos são sinais, mais do que evidentes e credíveis, de que eles continuam vivos. Caso contrário, Deus só realizaria milagres, quando estes lhe fossem pedidos sem a mediação de ninguém.
Os milagres, exigidos para a beatificação ou canonização de alguém, são cientificamente provados, ou seja, as curas só são declarados como milagres depois de os cientistas verificarem que elas não podem explicar-se de outro modo (não podem explicar-se cientificamente).
Afinal, os que partem dão sinais de que estão vivos e, além disso, de que podem intervir em favor daqueles que ainda vivem na terra!
Mas também na nossa vida pessoal, se estamos atentos às manifestações de Deus e receptivos aos seus dons, encontramos sinais que nos apontam na mesma direcção, que clarificam a nossa fé e corroboram a nossa esperança.
  • Acredito em Deus e “espero a vida do mundo que há-de vir”;
  • Acredito em Cristo e “espero a ressurreição dos mortos”.
  • Acredito, porque Deus me dá muitas razões, mais que suficientes e consistentes, para acreditar. E esta fé é o fundamento inabalável da minha esperança.
É esta esperança que nos impede de desistir ou de cair no desânimo:
  • quando temos de suportar o insucesso da nossa missão junto dos homens;
  • quando verificamos que esmorece sempre mais o entusiasmo da fé dos cristãos;
  • quando vemos que são cada vez mais aqueles (crianças, jovens e adultos, pais e filhos) que se afastam da prática da vida cristã;
  • quando não vislumbramos o que devemos fazer para inverter esta situação.

Penso, mais, estou persuadido de que nesta situação o que temos a fazer e Deus nos pede é precisamente isto: dar testemunho da nossa esperança.