Informações diversas e actuais a respeito da paróquia de FORNOTELHEIRO - Celorico da Beira, distrito da Guarda

terça-feira, junho 30, 2009

Encontro com os Acólitos na Covilhã


Foi com muita alegria que me encontrei convosco caros acólitos da Covilhã.

O serviço ao Altar, deve ser feito com beleza, simplicidade e gosto.

Escuta a palavra de Deus.
Medita o mistério de Cristo.
Reza a oração da Igreja.

Pe. Hugo Martins

segunda-feira, junho 29, 2009

Fui agradecer o dom sacerdócio à Capelinha das Aparições

Oração Sapiêncial – SNSRF

1) Mãe dos Sacerdotes, intercedei por mim para que seja homem da Palavra. Constantemente, com o meu coração e entendimento, quero beber da Palavra de Deus, de modo que possa anunciá-la com o meu testemunho na simplicidade e prudência.

2) Mãe dos Sacerdotes, intercedei por mim para exercer a paternidade espiritual para com todos, especialmente aqueles que mais necessitam, sendo sinal de esperança.
3) Mãe dos Sacerdotes, intercedei por mim, para ser fiel à Tradição da Igreja, e estar atendo ao sopro do Espírito Santo, valorizando-o.

Nossa Senhora do Rosário de Fátima:
por ti, para Deus
e com todos os peregrinos que aqui se encontram
te entrego o meu Ministério Sacerdotal.

AMEN
Pe. Hugo Martins

Uma semana com o Pe. HUGO MARTINS

O Silêncio e a multidão...
O Silêncio para escutar Deus que nos fala, é um segredo que todos devemos ter presente. No entanto o eco deste silêncio, é eco do Povo Santo de Deus, quando na fidelidade ao mesmo Senhor que chama. De ontem recordo muito, mas permiti que saliente: o fervor, o sorriso, as lágrimas, os abraços, o beija mão, as dezenas das crianças (e aquela tão pequena que tive de a levantar para lhe poder ver o rosto) que em multidão participaram do rosto belo Cristo na Sé-Catedral.
Contem comigo e com toda a minha humilde oração.
Pe. Hugo Martins

sábado, junho 27, 2009

O Hugo e o Celso serão amanhã ordenados padres

O dia da tua Ordenação Presbiteral certamente irá ficar marcado para sempre na tua vida. Como foi a tua preparação para esse dia?
Celso Marques: Foram 29 anos de preparação e que não termina no dia 28 de Junho. Contudo neste tempo mais próximo houve uma preocupação maior e uma preparação mais intensa e profunda, quer a nível espiritual e humano, quer a nível pastoral.
A nível espiritual realizei um retiro de cinco dias na Quinta de Santo António, em Évora, orientado pelo Bispo Emérito do Algarve, D. Manuel Madureira Dias, juntamente com o diácono Hugo da nossa diocese e o diácono António da Diocese do Algarve.
Este exercício espiritual, fazendo parte do processo de Ordenação, foi para mim particularmente importante, na medida em que o orador o preparou e orientou especificamente para o ministério do sacerdócio.
Com a sua longa, vasta e profícua experiência de vida, quer a nível pastoral, quer a nível espiritual, D. Manuel Madureira Dias enriqueceu-nos com a sua partilha durante todo este tempo de retiro.
Como preparação para a Ordenação Presbiteral, há que somar ao retiro, o estágio pastoral que estou a realizar no arciprestado de Celorico da Beira, orientado pelo Pe. José Manuel Martins de Almeida, que tem sido uma experiência também muito enriquecedora a todos os níveis; os 6 anos de Teologia e o tempo de seminário.
Fica assim muito resumida a preparação para a ordenação sacerdotal, que como disse ao início, nunca está finalizada.

Como futuro presbítero da Igreja Católica, o que achas que deve mudar nesta mesma Igreja para que Ela se torne cada vez mais uma Instituição à imagem do seu fundador, Jesus Cristo?
CM: Que se torne cada vez mais o reflexo do Evangelho, fiel a Jesus Cristo. Que seja o verdadeiro sacramento, sinal visível, como afirma o Concílio Vaticano II na constituição dogmática L.G. 1 “instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano”.
Tal como Jesus, Seu fundador, que tome sempre uma atitude preferencial pelo mais pobres, desprezados e rejeitados da sociedade. Só na medida em que se aproxima de Cristo, no rosto dos mais desfavorecidos, se torna autêntica Igreja de Jesus Cristo.

Aos colegas que deixas no seminário, qual o conselho ou mensagem que deixas?
CM: Que entreguem a suas vidas nas mãos de Cristo. Que saibam dizer em todos os momentos, como São Paulo, “eu sei em quem pus a minha confiança”.
É Ele quem chama, e se o faz nunca abandona, particularmente nos momentos mais atribulados, tal como não abandonou os Seus discípulos, na barca, quando se apoderou deles uma tempestade.
Ainda que aparentemente dormisse, Jesus estava bem acordado para o que se estava a passar ao Seu redor. Os discípulos é que vacilaram na fé, naquele momento. Assim, Cristo, que não abandonou os seus discípulos que havia chamado para O seguirem, também não abandona quem continua a chamar para O seguir neste caminho para o sacerdócio. O importante, diz-nos Jesus, é ter fé e não pensar como os discípulos, naquele episódio, que Cristo está a dormir.

O ainda diácono Hugo Alexandre Pichel Martins é um jovem comum, de 26 anos de idade, com uma paixão pela natureza, pelas actividades ao ar livre, desportos, novos meios de comunicação «on-line», voluntariado, e o convívio com amigos. Natural de Celorico da Beira, concretamente da paróquia de Santa Maria, onde recebeu o baptismo, actualmente, pertence a São Pedro. Estudou, como tantos outros jovens, nas escolas de Celorico, até ao 12º ano. Pelo caminho ficam diversas actividades como o clube de jornalismo, de informática, delegado de turma, e representante dos alunos no conselho pedagógico. Ligado às paróquias, integrou o grupo de jovens “Trovadores de Deus”, o grupo de acólitos, o dos catequistas (depois do percurso da catequese de iniciação), e, uma grande costela do Hugo, o agrupamento do CNE, em que fez promessa de escuteiro.


(…) Todas as actividades que foram destacadas contribuíram, a seu modo, para a personalidade do Hugo. Quando interpelado sobre o despertar da sua vocação, conta-nos que foi o pároco, o Pe. José Martins de Almeida, que o interpelou directamente. «Terminado o 12º ano, como qualquer jovem coloquei a questão: qual a minha vocação? Esta interpelação, também foi feita, de forma directa, pelo meu Pároco. “Hugo queres ir para o Seminário?” Eu na altura disse-lhe: “aguarde uns dias e reze, que eu logo lhe dou uma resposta!”. […] Vejo nele [no Pároco] um exemplo: pela exigência de vida, a oração, a alegria com que vive e transmite a fé, as suas capacidades humanas, a sua proximidade, fizeram com que a minha resposta seja, hoje, sim.»

O percurso de seminário, que se seguiu, foi normal e comum. Frequentou o ano propedêutico do Seminário da Guarda, e, logo o curso de Teologia, que frequentou no Instituto Superior de Teologia, passando pelas três casas que, por então, o formavam: Guarda, Lamego e Viseu. É o próprio Hugo quem se refere ao seu tempo de seminário como um «percurso e caminho feito de forma gradual».

sexta-feira, junho 19, 2009

Carta de Bento XVI aos sacerdotes

Amados irmãos no sacerdócio,

Na próxima solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus, sexta-feira 19 de Junho de 2009 - dia dedicado tradicionalmente à oração pela santificação do clero - tenho em mente proclamar oficialmente um «Ano Sacerdotal» por ocasião do 150.º aniversário do «dies natalis» de João Maria Vianney, o Santo Patrono de todos os párocos do mundo. Tal ano, que pretende contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um seu testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo, terminará na mesma solenidade de 2010. «O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus»: costumava dizer o Santo Cura d’Ars.

Esta tocante afirmação permite-nos, antes de mais nada, evocar com ternura e gratidão o dom imenso que são os sacerdotes não só para a Igreja mas também para a própria humanidade. Penso em todos os presbíteros que propõem, humilde e quotidianamente, aos fiéis cristãos e ao mundo inteiro as palavras e os gestos de Cristo, procurando aderir a Ele com os pensamentos, a vontade, os sentimentos e o estilo de toda a sua existência. Como não sublinhar as suas fadigas apostólicas, o seu serviço incansável e escondido, a sua caridade tendencialmente universal? E que dizer da fidelidade corajosa de tantos sacerdotes que, não obstante dificuldades e incompreensões, continuam fiéis à sua vocação: a de «amigos de Cristo», por Ele de modo particular chamados, escolhidos e enviados?

Eu mesmo guardo ainda no coração a recordação do primeiro pároco junto de quem exerci o meu ministério de jovem sacerdote: deixou-me o exemplo de uma dedicação sem reservas ao próprio serviço sacerdotal, a ponto de encontrar a morte durante o próprio acto de levar o viático a um doente grave. Depois repasso na memória os inumeráveis irmãos que encontrei e encontro, inclusive durante as minhas viagens pastorais às diversas nações, generosamente empenhados no exercício diário do seu ministério sacerdotal. Mas a expressão utilizada pelo Santo Cura d’Ars evoca também o Coração traspassado de Cristo com a coroa de espinhos que O envolve. E isto leva o pensamento a deter-se nas inumeráveis situações de sofrimento em que se encontram imersos muitos sacerdotes, ou porque participantes da experiência humana da dor na multiplicidade das suas manifestações, ou porque incompreendidos pelos próprios destinatários do seu ministério: como não recordar tantos sacerdotes ofendidos na sua dignidade, impedidos na sua missão e, às vezes, mesmo perseguidos até ao supremo testemunho do sangue?

Infelizmente existem também situações, nunca suficientemente deploradas, em que é a própria Igreja a sofrer pela infidelidade de alguns dos seus ministros. Daí advém então para o mundo motivo de escândalo e de repulsa. O máximo que a Igreja pode recavar de tais casos não é tanto a acintosa relevação das fraquezas dos seus ministros, como sobretudo uma renovada e consoladora consciência da grandeza do dom de Deus, concretizado em figuras esplêndidas de generosos pastores, de religiosos inflamados de amor por Deus e pelas almas, de directores espirituais esclarecidos e pacientes. A este respeito, os ensinamentos e exemplos de S. João Maria Vianney podem oferecer a todos um significativo ponto de referência. O Cura d’Ars era humilíssimo, mas consciente de ser, enquanto padre, um dom imenso para o seu povo: «Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana: «Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. (…) Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia».
E, ao explicar aos seus fiéis a importância dos sacramentos, dizia: «Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há-de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. (…) Depois de Deus, o sacerdote é tudo! (…) Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no céu».5 Estas afirmações, nascidas do coração sacerdotal daquele santo pároco, podem parecer excessivas. Nelas, porém, revela-se a sublime consideração em que ele tinha o sacramento do sacerdócio. Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: «Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra (…) Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecónomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. (…) O padre não é padre para si mesmo, é-o para vós».

Tinha chegado a Ars, uma pequena aldeia com 230 habitantes, precavido pelo Bispo de que iria encontrar uma situação religiosamente precária: «Naquela paróquia, não há muito amor de Deus; infundi-lo-eis vós». Por conseguinte, achava-se plenamente consciente de que devia ir para lá a fim de encarnar a presença de Cristo, testemunhando a sua ternura salvífica: «[Meu Deus], concedei-me a conversão da minha paróquia; aceito sofrer tudo aquilo que quiserdes por todo o tempo da minha vida!»: foi com esta oração que começou a sua missão. E, à conversão da sua paróquia, dedicou-se o Santo Cura com todas as suas energias, pondo no cume de cada uma das suas ideias a formação cristã do povo a ele confiado.
Amados irmãos no sacerdócio, peçamos ao Senhor Jesus a graça de podermos também nós assimilar o método pastoral de S. João Maria Vianney. A primeira coisa que devemos aprender é a sua total identificação com o próprio ministério. Em Jesus, tendem a coincidir Pessoa e Missão: toda a sua acção salvífica era e é expressão do seu «Eu filial» que, desde toda a eternidade, está diante do Pai em atitude de amorosa submissão à sua vontade. Com modesta mas verdadeira analogia, também o sacerdote deve ansiar por esta identificação. Não se trata, certamente, de esquecer que a eficácia substancial do ministério permanece independentemente da santidade do ministro; mas também não se pode deixar de ter em conta a extraordinária frutificação gerada do encontro entre a santidade objectiva do ministério e a subjectiva do ministro. O Cura d’Ars principiou imediatamente este humilde e paciente trabalho de harmonização entre a sua vida de ministro e a santidade do ministério que lhe estava confiado, decidindo «habitar», mesmo materialmente, na sua igreja paroquial: «Logo que chegou, escolheu a igreja por sua habitação. (…) Entrava na igreja antes da aurora e não saía de lá senão à tardinha depois do Angelus. Quando precisavam dele, deviam procurá-lo lá»: lê-se na primeira biografia.

O exagero devoto do pio hagiógrafo não deve fazer-nos esquecer o facto de que o Santo Cura soube também «habitar» activamente em todo o território da sua paróquia: visitava sistematicamente os doentes e as famílias; organizava missões populares e festas dos Santos Patronos; recolhia e administrava dinheiro para as suas obras sócio-caritativas e missionárias; embelezava a sua igreja e dotava-a de alfaias sagradas; ocupava-se das órfãs da «Providence» (um instituto fundado por ele) e das suas educadoras; tinha a peito a instrução das crianças; fundava confrarias e chamava os leigos para colaborar com ele.

O seu exemplo induz-me a evidenciar os espaços de colaboração que é imperioso estender cada vez mais aos fiéis leigos, com os quais os presbíteros formam um único povo sacerdotal e no meio dos quais, em virtude do sacerdócio ministerial, se encontram «para os levar todos à unidade, “amando-se uns aos outros com caridade fraterna, e tendo os outros por mais dignos” (Rm 12, 10)».
Neste contexto, há que recordar o caloroso e encorajador convite feito pelo Concílio Vaticano II aos presbíteros para que «reconheçam e promovam sinceramente a dignidade e participação própria dos leigos na missão da Igreja. Estejam dispostos a ouvir os leigos, tendo fraternalmente em conta os seus desejos, reconhecendo a experiência e competência deles nos diversos campos da actividade humana, para que, juntamente com eles, saibam reconhecer os sinais dos tempos».

O Santo Cura ensinava os seus paroquianos sobretudo com o testemunho da vida. Pelo seu exemplo, os fiéis aprendiam a rezar, detendo-se de bom grado diante do sacrário para uma visita a Jesus Eucaristia. «Para rezar bem - explicava-lhes o Cura -, não há necessidade de falar muito. Sabe-se que Jesus está ali, no tabernáculo sagrado: abramos-Lhe o nosso coração, alegremo-nos pela sua presença sagrada. Esta é a melhor oração». E exortava: «Vinde à comunhão, meus irmãos, vinde a Jesus. Vinde viver d’Ele para poderdes viver com Ele». «É verdade que não sois dignos, mas tendes necessidade!».
Esta educação dos fiéis para a presença eucarística e para a comunhão adquiria um eficácia muito particular, quando o viam celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Quem ao mesmo assistia afirmava que «não era possível encontrar uma figura que exprimisse melhor a adoração. (…) Contemplava a Hóstia amorosamente». Dizia ele: «Todas as boas obras reunidas não igualam o valor do sacrifício da Missa, porque aquelas são obra de homens, enquanto a Santa Missa é obra de Deus». Estava convencido de que todo o fervor da vida de um padre dependia da Missa: «A causa do relaxamento do sacerdote é porque não presta atenção à Missa! Meu Deus, como é de lamentar um padre que celebra [a Missa] como se fizesse um coisa ordinária!». E, ao celebrar, tinha tomado o costume de oferecer sempre também o sacrifício da sua própria vida: «Como faz bem um padre oferecer-se em sacrifício a Deus todas as manhãs!».

Esta sintonia pessoal com o Sacrifício da Cruz levava-o - por um único movimento interior - do altar ao confessionário. Os sacerdotes não deveriam jamais resignar-se a ver os seus confessionários desertos, nem limitar-se a constatar o menosprezo dos fiéis por este sacramento.
Na França, no tempo do Santo Cura d’Ars, a confissão não era mais fácil nem mais frequente do que nos nossos dias, pois a tormenta revolucionária tinha longamente sufocado a prática religiosa. Mas ele procurou de todos os modos, com a pregação e o conselho persuasivo, fazer os seus paroquianos redescobrirem o significado e a beleza da Penitência sacramental, apresentando-a como uma exigência íntima da Presença eucarística. Pôde assim dar início a um círculo virtuoso. Com as longas permanências na igreja junto do sacrário, fez com que os fiéis começassem a imitá-lo, indo até lá visitar Jesus, e ao mesmo tempo estivessem seguros de que lá encontrariam o seu pároco, disponível para os ouvir e perdoar. Em seguida, a multidão crescente dos penitentes, provenientes de toda a França, haveria de o reter no confessionário até 16 horas por dia. Dizia-se então que Ars se tinha tornado «o grande hospital das almas». «A graça que ele obtinha [para a conversão dos pecadores] era tão forte que aquela ia procurá-los sem lhes deixar um momento de trégua!»: diz o primeiro biógrafo. E assim o pensava o Santo Cura d’Ars, quando afirmava: «Não é o pecador que regressa a Deus para Lhe pedir perdão, mas é o próprio Deus que corre atrás do pecador e o faz voltar para Ele». «Este bom Salvador é tão cheio de amor que nos procura por todo o lado».

Todos nós, sacerdotes, deveríamos sentir que nos tocam pessoalmente estas palavras que ele colocava na boca de Cristo: «Encarregarei os meus ministros de anunciar aos pecadores que estou sempre pronto a recebê-los, que a minha misericórdia é infinita». Do Santo Cura d’Ars, nós, sacerdotes, podemos aprender não só uma inexaurível confiança no sacramento da Penitência que nos instigue a colocá-lo no centro das nossas preocupações pastorais, mas também o método do «diálogo de salvação» que nele se deve realizar. O Cura d’Ars tinha maneiras diversas de comportar-se segundo os vários penitentes. Quem vinha ao seu confessionário atraído por uma íntima e humilde necessidade do perdão de Deus, encontrava nele o encorajamento para mergulhar na «torrente da misericórdia divina» que, no seu ímpeto, tudo arrasta e depura. E se aparecia alguém angustiado com o pensamento da sua debilidade e inconstância, temeroso por futuras quedas, o Cura d’Ars revelava-lhe o segredo de Deus com um discurso de comovente beleza: «O bom Deus sabe tudo. Ainda antes de vos confessardes, já sabe que voltareis a pecar e todavia perdoa-vos. Como é grande o amor do nosso Deus, que vai até ao ponto de esquecer voluntariamente o futuro, só para poder perdoar-nos!». Diversamente, a quem se acusava de forma tíbia e quase indiferente, expunha, através das suas próprias lágrimas, a séria e dolorosa evidência de quão «abominável» fosse aquele comportamento. «Choro, porque vós não chorais»: exclamava ele. «Se ao menos o Senhor não fosse assim tão bom! Mas é assim bom! Só um bárbaro poderia comportar-se assim diante de um Pai tão bom!». Fazia brotar o arrependimento no coração dos tíbios, forçando-os a verem com os próprios olhos o sofrimento de Deus, causado pelos pecados, quase «encarnado» no rosto do padre que os atendia de confissão. Entretanto a quem se apresentava já desejoso e capaz de uma vida espiritual mais profunda, abria-lhe de par em par as profundidades do amor, explicando a inexprimível beleza de poder viver unidos a Deus e na sua presença: «Tudo sob o olhar de Deus, tudo com Deus, tudo para agradar a Deus. (…) Como é belo!» E ensinava-lhes a rezar assim: «Meu Deus, dai-me a graça de Vos amar tanto quanto é possível que eu Vos ame!».

No seu tempo, o Cura d’Ars soube transformar o coração e a vida de muitas pessoas, porque conseguiu fazer-lhes sentir o amor misericordioso do Senhor. Também hoje é urgente igual anúncio e testemunho da verdade do Amor: Deus caritas est (1 Jo 4, 8). Com a Palavra e os Sacramentos do seu Jesus, João Maria Vianney sabia instruir o seu povo, ainda que frequentemente suspirava convencido da sua pessoal inaptidão a ponto de ter desejado diversas vezes subtrair-se às responsabilidades do ministério paroquial de que se sentia indigno. Mas, com exemplar obediência, ficou sempre no seu lugar, porque o consumia a paixão apostólica pela salvação das almas. Procurava aderir totalmente à própria vocação e missão por meio de uma severa ascese: «Para nós, párocos, a grande desdita - deplorava o Santo - é entorpecer-se a alma», entendendo, com isso, o perigo de o pastor se habituar ao estado de pecado ou de indiferença em que vivem muitas das suas ovelhas. Com vigílias e jejuns, punha freio ao corpo, para evitar que opusesse resistência à sua alma sacerdotal. E não se esquivava a mortificar-se a si mesmo para bem das almas que lhe estavam confiadas e para contribuir para a expiação dos muitos pecados ouvidos em confissão. Explicava a um colega sacerdote: «Dir-vos-ei qual é a minha receita: dou aos pecadores uma penitência pequena e o resto faço-o eu no lugar deles». Independentemente das penitências concretas a que se sujeitava o Cura d’Ars, continua válido para todos o núcleo do seu ensinamento: as almas custam o sangue de Cristo e o sacerdote não pode dedicar-se à sua salvação se se recusa a contribuir com a sua parte para o «alto preço» da redenção.

No mundo actual, não menos do que nos tempos difíceis do Cura d’Ars, é preciso que os presbíteros, na sua vida e acção, se distingam por um vigoroso testemunho evangélico. Observou, justamente, Paulo VI que «o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres ou então, se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas». Para que não se forme um vazio existencial em nós e fique comprometida a eficácia do nosso ministério, é preciso não cessar de nos interrogarmos: «Somos verdadeiramente permeados pela Palavra de Deus? É verdade que esta é o alimento de que vivemos, mais de que o sejam o pão e as coisas deste mundo? Conhecemo-la verdadeiramente? Amamo-la? De tal modo nos ocupamos interiormente desta palavra, que a mesma dá realmente um timbre à nossa vida e forma o nosso pensamento?». Assim como Jesus chamou os Doze para estarem com Ele (cf. Mc 3, 14) e só depois é que os enviou a pregar, assim também nos nossos dias os sacerdotes são chamados a assimilar aquele «novo estilo de vida» que foi inaugurado pelo Senhor Jesus e assumido pelos Apóstolos.34

Foi precisamente a adesão sem reservas a este «novo estilo de vida» que caracterizou o trabalho ministerial do Cura d’Ars. O Papa João XXIII, na carta encíclica Sacerdotii nostri primordia - publicada em 1959, centenário da morte de S. João Maria Vianney -, apresentava a sua fisionomia ascética referindo-se de modo especial ao tema dos «três conselhos evangélicos», considerados necessários também para os presbíteros: «Embora, para alcançar esta santidade de vida, não seja imposta ao sacerdote como própria do estado clerical a prática dos conselhos evangélicos, entretanto esta representa para ele, como para todos os discípulos do Senhor, o caminho regular da santificação cristã». O Cura d’Ars soube viver os «conselhos evangélicos» segundo modalidades apropriadas à sua condição de presbítero. Com efeito, a sua pobreza não foi a mesma de um religioso ou de um monge, mas a requerida a um padre: embora manejasse com muito dinheiro (dado que os peregrinos mais abonados não deixavam de se interessar pelas suas obras sócio-caritativas), sabia que tudo era dado para a sua igreja, os seus pobres, os seus órfãos, as meninas da sua «Providence», as suas famílias mais indigentes. Por isso, ele «era rico para dar aos outros e era muito pobre para si mesmo». Explicava: «O meu segredo é simples: dar tudo e não guardar nada». Quando se encontrava com as mãos vazias, dizia contente aos pobres que se lhe dirigiam: «Hoje sou pobre como vós, sou um dos vossos». Deste modo pôde, ao fim da vida, afirmar com absoluta serenidade: «Não tenho mais nada. Agora o bom Deus pode chamar-me quando quiser!». Também a sua castidade era aquela que se requeria a um padre para o seu ministério. Pode-se dizer que era a castidade conveniente a quem deve habitualmente tocar a Eucaristia e que habitualmente a fixa com todo o entusiasmo do coração e com o mesmo entusiasmo a dá aos seus fiéis. Dele se dizia que «a castidade brilhava no seu olhar», e os fiéis apercebiam-se disso quando ele se voltava para o sacrário fixando-o com os olhos de um enamorado. Também a obediência de S. João Maria Vianney foi toda encarnada na dolorosa adesão às exigências diárias do seu ministério. É sabido como o atormentava o pensamento da sua própria inaptidão para o ministério paroquial e o desejo que tinha de fugir «para chorar a sua pobre vida, na solidão». Somente a obediência e a paixão pelas almas conseguiam convencê-lo a continuar no seu lugar. A si próprio e aos seus fiéis explicava: «Não há duas maneiras boas de servir a Deus. Há apenas uma: servi-Lo como Ele quer ser servido». A regra de ouro para levar uma vida obediente parecia-lhe ser esta: «Fazer só aquilo que pode ser oferecido ao bom Deus».

No contexto da espiritualidade alimentada pela prática dos conselhos evangélicos, aproveito para dirigir aos sacerdotes, neste Ano a eles dedicado, um convite particular para saberem acolher a nova primavera que, em nossos dias, o Espírito está a suscitar na Igreja, através nomeadamente dos Movimentos Eclesiais e das novas Comunidades. «O Espírito é multiforme nos seus dons. (…) Ele sopra onde quer. E fá-lo de maneira inesperada, em lugares imprevistos e segundo formas precedentemente inimagináveis (…); mas demonstra-nos também que Ele age em vista do único Corpo e na unidade do único Corpo». A propósito disto, vale a indicação do decreto Presbyterorum ordinis: «Sabendo discernir se os espíritos vêm de Deus, [os presbíteros] perscrutem com o sentido da fé, reconheçam com alegria e promovam com diligência os multiformes carismas dos leigos, tanto os mais modestos como os mais altos». Estes dons, que impelem não poucos para uma vida espiritual mais elevada, podem ser de proveito não só para os fiéis leigos mas também para os próprios ministros. Com efeito, da comunhão entre ministros ordenados e carismas pode brotar «um válido impulso para um renovado compromisso da Igreja no anúncio e no testemunho do Evangelho da esperança e da caridade em todos os recantos do mundo».
Queria ainda acrescentar, apoiado na exortação apostólica Pastores dabo vobis do Papa João Paulo II, que o ministério ordenado tem uma radical «forma comunitária» e pode ser cumprido apenas na comunhão dos presbíteros com o seu Bispo. É preciso que esta comunhão entre os sacerdotes e com o respectivo Bispo, baseada no sacramento da Ordem e manifestada na concelebração eucarística, se traduza nas diversas formas concretas de uma fraternidade sacerdotal efectiva e afectiva. Só deste modo é que os sacerdotes poderão viver em plenitude o dom do celibato e serão capazes de fazer florir comunidades cristãs onde se renovem os prodígios da primeira pregação do Evangelho.

O Ano Paulino, que está a chegar ao fim, encaminha o nosso pensamento também para o Apóstolo das nações, em quem refulge aos nossos olhos um modelo esplêndido de sacerdote, totalmente «doado» ao seu ministério. «O amor de Cristo nos impele - escrevia ele -, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram» (2 Cor 5, 14). E acrescenta: Ele «morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles» (2 Cor 5, 15). Que programa melhor do que este poderia ser proposto a um sacerdote empenhado a avançar pela estrada da perfeição cristã?

Amados sacerdotes, a celebração dos cento e cinquenta anos da morte de S. João Maria Vianney (1859) segue-se imediatamente às celebrações há pouco encerradas dos cento e cinquenta anos das aparições de Lourdes (1858). Já em 1959, o Beato Papa João XXIII anotara: «Pouco antes que o Cura d’Ars concluísse a sua longa carreira cheia de méritos, a Virgem Imaculada aparecera, noutra região da França, a uma menina humilde e pura para lhe transmitir uma mensagem de oração e penitência, cuja imensa ressonância espiritual há um século que é bem conhecida. Na realidade, a vida do santo sacerdote, cuja comemoração celebramos, fora de antemão uma viva ilustração das grandes verdades sobrenaturais ensinadas à vidente de Massabielle. Ele próprio nutria pela Imaculada Conceição da Santíssima Virgem uma vivíssima devoção, ele que, em 1836, tinha consagrado a sua paróquia a Maria concebida sem pecado e havia de acolher com tanta fé e alegria a definição dogmática de 1854».50 O Santo Cura d’Ars sempre recordava aos seus fiéis que «Jesus Cristo, depois de nos ter dado tudo aquilo que nos podia dar, quis ainda fazer-nos herdeiros de quanto Ele tem de mais precioso, ou seja, da sua Santa Mãe».

À Virgem Santíssima entrego este Ano Sacerdotal, pedindo-Lhe para suscitar no ânimo de cada presbítero um generoso relançamento daqueles ideais de total doação a Cristo e à Igreja que inspiraram o pensamento e a acção do Santo Cura d’Ars. Com a sua fervorosa vida de oração e o seu amor apaixonado a Jesus crucificado, João Maria Vianney alimentou a sua quotidiana doação sem reservas a Deus e à Igreja. Possa o seu exemplo suscitar nos sacerdotes aquele testemunho de unidade com o Bispo, entre eles próprios e com os leigos que é tão necessário hoje, como o foi sempre. Não obstante o mal que existe no mundo, ressoa sempre actual a palavra de Cristo aos seus apóstolos, no Cenáculo: «No mundo sofrereis tribulações. Mas tende confiança: Eu venci o mundo» (Jo 16, 33). A fé no divino Mestre dá-nos a força para olhar confiadamente o futuro. Amados sacerdotes, Cristo conta convosco. A exemplo do Santo Cura d’Ars, deixai-vos conquistar por Ele e sereis também vós, no mundo actual, mensageiros de esperança, de reconciliação, de paz.

Com a minha bênção.

Vaticano, 16 de Junho de 2009.

BENEDICTUS PP.XVI

sexta-feira, maio 22, 2009

Pope2you

O Santo Padre dirigiu uma mensagem especial aos jovens por causa 43 Jornada Mundial das comunicações sociais.
Podes ver aqui a sua mensagem

quinta-feira, maio 14, 2009

Aprenda a rezar a Via Lucis

Depois de Meditar na Paixão e Morte de Jesus, é tempo de meditar na vida nova que cada um de nós tem, em Cristo, vivo de verdade, e presente entre nós.



segunda-feira, maio 04, 2009

"Tenho ainda outras ovelhas"

Jesus apresenta-se na sua relação com os homens sob a imagem do Bom Pastor. Bom Pastor, no dizer do próprio Jesus, é aquele que conhece as ovelhas, caminha à sua frente e dá a vida por elas.
Como Bom Pastor, Jesus vai ao encontro dos homens e convive com eles, para os conhecer e para lhes revelar os segredos do coração de Deus; para lhes abrir o entendimento e o coração à verdade e ao amor que libertam e salvam o homem; para os ajudar a conhecerem-se melhor: a sua dignidade, o seu lugar no mundo e na história, a meta da sua existência.

Como Bom Pastor, Jesus é sensível e está atento aos pobres, doentes e marginalizados da sociedade, mostrando-lhes que eles são os preferidos de Deus e que Deus quer mudar a sua sorte. Na verdade, Jesus toma a defesa dos mais fracos, denunciando os poderosos que os exploram e oprimem, que tornam a sua vida pesada e difícil. Jesus enfrenta e repele “os lobos” que põem em perigo a vida das pessoas e não respeitam os seus direitos.

Como Bom Pastor, Jesus vai à procura do homem pecador. Vai ao seu encontro, entra em sua casa, come e dialoga com ele, mostra-se próximo e compreensivo, revela-lhe o amor misericordioso de Deus e alegra-se com a sua conversão.

Como Bom Pastor, Jesus está entre os homens para os amar e servir, para dar a vida por eles e salvá-los, para os congregar num só povo (um só rebanho) e fazer de todos filhos de Deus (uma só família). Deste modo, Jesus realiza o sonho de Deus, o sonho do seu amor, o sonho que tem em vista a felicidade do homem.

Jesus, como Bom Pastor, aponta o caminho que devem seguir os apóstolos de todos os tempos, ou seja, o modo e o espírito com que devem continuar a sua missão em todos os lugares, até ao fim dos tempos. Jesus não quer que eles sucumbam à tentação de proceder como os mercenários.

O apóstolo/mercenário não o é, como é óbvio, por vocação de Deus e, consequentemente, não tem o espírito de missão e de serviço. Ele é movido por interesses meramente humanos e apenas vê no que faz um modo e um meio de viver e ganhar a vida.
Nesse sentido, aproveita e explora os sentimentos religiosos das pessoas para satisfazer as suas ambições pessoais.
À sombra de Deus, que Ele não serve nem ama, procura visibilidade e fama, poder e riqueza, privilégios e admiração. É insensível à miséria e ao sofrimento das pessoas e abandona-as nos momentos difíceis e nas horas da adversidade. Foge dos “lobos” ou pactua com eles, para salvar “a sua pele” e não arranjar problemas, pois não o preocupa nem aflige a sorte do povo.
É um simples funcionário do culto, fazendo-se pagar pelos serviços religiosos que presta. Mas não é apóstolo de Cristo, não anuncia o seu Evangelho, não testemunha a sua ressurreição, não se empenha na construção do reino de Deus.

“Tenho ainda outras ovelhas”.
Jesus sente-se pastor de todos os homens e não apenas dos judeus. Os horizontes do seu coração abrangem os ho-mens de todos os povos e de todo o tempo da história. Por isso mesmo, Jesus precisa de apóstolos/testemunhas que continuem e actualizem a sua missão, em cada tempo e em cada lugar da terra.
Deus, fiel ao seu projecto de salvação da humanidade, chama homens e mulheres, consagra aqueles que respondem positivamente e envia-os a trabalhar na sua vinha – o mundo dos homens, para que a salvação realizada por seu Filho Jesus Cristo se torne efectiva no hoje da vida de cada homem. Só Deus, por ser Ele o Senhor do mundo e o Autor da salvação, pode chamar.
Chama quem quer, sem estar condicionado por nada. Não são as qualidades e os méritos das pessoas que influenciam a escolha de Deus. Deus é que capacita aqueles que escolhe tendo em vista a missão que lhes vai confiar. E Deus não tem de se justificar pelas suas escolhas!

domingo, maio 03, 2009

Acho estranho, pois todos os dias são dia da mãe!

Hoje celebramos o Dia da Mãe.Acho estranho, pois todos os dias são dia da mãe!Na verdade, qual é o dia em que a mãe se esquece ou tira férias de ser mãe? Ou qual é o dia em que o filho esquece a sua mãe?São muito intensos os laços afectivos que unem um filho e uma mãe: nada nem ninguém, nem o tempo nem a morte os conseguem destruir! É muito íntima a sua relação.Como poderia ser de outro modo?Não foram nove os meses que ela nos trouxe no aconchego do seu seio?Não foi nela e graças à sua vida, que aconteceu o milagre da nossa vida e da nossa existência?
Depois, não é ao seu amor sacrificado que devemos o que somos? A mãe, mais e melhor do que ninguém, foi/é a Mestra da nossa vida e da nossa fé. Foi ela que nos incutiu os valores humanos e espirituais que fazem de nós cidadãos honestos e homens crentes.
Formadas na universidade da vida,
mais especifica-mente na faculdade da família,
especializaram-se em amor e sacrifício,
usaram/usam como único método o testemunho/a coerência de vida
e ostentam como diploma os seus próprios filhos!
À mãe devemos quase tudo!Quem, pois, as poderá esquecer?Quem precisará deste dia, para se lembrar da sua mãe?Que este dia sirva para nos levar a fazer de todos os dias o dia da nossa mãe, ou melhor, a sermos todos os dias verdadeiros filhos da nossa mãe.
Agradeçamos a Deus a mãe que nos deu - a Deus que fez dela para nós o rosto visível, a imagem viva, o espelho mais fiel do seu amor, da sua bondade e da sua alegria. Ámen

sábado, abril 25, 2009

Amanhã é um grande dia: canonização de São Nuno de Santa Maria

Amanhã é um grande dia: a lista dos portugueses considerados santos pela Santa Igreja e, como tal, apresentados a todo o mundo cristão como modelos de virtudes, vai ser aumentada com mais um elemento. Trata-se de Nuno Álvares Pereira, que a tradição popular se habituou a chamar “Santo Condestável” e que Bento XV tinha inscrito em 1918 na lista dos Bem-aventurados, com o nome de Beato Nuno de Santa Maria.

Nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa: “Vivemos em tempo de crise global, que tem origem num vazio de valores morais. O esbanjamento, a corrupção, a busca imparável do bem estar material, o relativismo que facilita o uso de todos os meios para alcançar os próprios benefícios, geraram um quadro de desemprego, de angústia e de pobreza que ameaçam as bases sobre as quais se organiza a sociedade. Neste contexto, o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão de melhor humanismo ao serviço do bem comum.

Os Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos desejamos.”


Recordemos a lista daqueles que, nascidos em Portugal ou em terras de administração portuguesa, foram elevados às honras dos altares:

  • S. Teotónio, nascido no Minho em 1082, falecido em 1161 e canonizado em 1163;
  • Santo António, nascido em Lisboa em 1191, falecido em Pádua em 1231 e canonizado em 1232;
  • Santa Beatriz da Silva, nascida em Campo Maior (ou em Ceuta) em 1424, falecida em 1492 e canonizada em 1976;
  • S. João de Deus, nascido em Montemor-o-Novo em 1495, falecido em Granada em 1550 e canonizado em 1690;
  • S. Gonçalo Garcia, nascido em Baçaim (Goa) por volta de 1560 , martirizado no Japão em 1597 e canonizado em 1862;
  • S. João de Brito, nascido em Lisboa em 1647, martirizado na Índia em 1693 e canonizado em 1947;
  • Santo António Sant’Anna Galvão, nascido no estado de São Paulo (Brasil) em 1739, falecido em 1822 e canonizado em 2007.

  • A esta lista teremos de acrescentar necessariamente Santa Isabel de Portugal, nascida em Aragão em 1270, rainha de Portugal de 1282 a 1325, falecida em Estremoz em 1336 e canonizada em 1625.
  • Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, nascida em Itália em 1865, faleceu no Brasil em 1942 e foi canonizada em 2002, sendo considerada por todos uma “santa brasileira”.
  • O mesmo se diga dos Mártires do Rio Grande do Sul (1628), canonizados em 1988, embora dois (Afonso Domingues e João de Castilho) tenham nascido em Espanha e o terceiro (Roque Gonzalez) no Paraguai.

Que todos eles, mais os muitos beatos saídos nas nossas terras (Beato Manuel Fernandes - Celorico da Beira), intercedam por nós neste tempo que estamos a viver.

sexta-feira, abril 17, 2009

A Ressurreição não é um «mito», mas um facto histórioco

Bento XVI defendeu a verdade histórica da ressurreição de Jesus, que a Igreja Católica celebra na Páscoa: “É fundamental para a nossa fé e para o nosso testemunho cristão que se proclame a ressurreição de Jesus de Nazaré como um acontecimento real, histórico, atestado por numerosas testemunhas que se tornaram autoridade”.

Bento XVI disse que os católicos professam com convicção a fé na ressurreição, frisando que “também nos nossos tempos, não falta quem procure negar a sua historicidade, ao reduzir o relato evangélico a um mito”. O Papa diz que muitos “retomam e apresentam velhas teorias, já gastas, como novas e científicas”.
“A ressurreição não foi para Jesus um simples regresso à sua vida terrena precedente, mas foi a passagem a uma dimensão profundamente nova da vida, que também diz respeito a nós, que toca toda a família humana, a história e o universo”.

Para o Papa, “a novidade surpreendente da ressurreição é tão importante que a Igreja não deixa de proclamá-la, prolongando a sua recordação, especialmente no Domingo, que é o dia do Senhor e a Páscoa semanal do povo de Deus”.

“Este evento mudou a vida das testemunhas oculares
e, ao longo dos séculos,
gerações inteiras de homens acolherem-no com fé
e testemunharam-no até chegar mesmo ao martírio”.

A ressurreição de Cristo é a nossa esperança!».

Na sua mensagem «Urbi et Orbi», no Domingo de Páscoa, o Papa afirmara que a fé na ressurreição “não se funda sobre “simples raciocínios humanos”, mas sobre “um dado histórico de fé”.

Ao longo das últimas décadas, várias correntes exegéticas acentuam a ruptura entre o “Jesus histórico” e o “Jesus da fé”. “Como resultado comum de todas estas tentativas ficou a impressão de que, em todo o caso, de seguro sabemos muito pouco sobre Jesus e de que a sua imagem só posteriormente foi plasmada pela fé na sua divindade. Entretanto, esta impressão penetrou profundamente na consciência comum do cristianismo. Uma tal situação é dramática para a fé, porque torna incerto o seu verdadeiro ponto de referência: a amizade íntima com Jesus, da qual tudo depende, corre o perigo de cair no vazio”.

O interesse pela história real de Jesus de Nazaré impulsionou, nos últimos séculos, quase todos os especialistas, crentes e não crentes a entrar, com diferentes perspectivas e instrumentos, nos difíceis campos da história de Jesus que, de maneira tão singular, marcou a nossa época.

Bento XVI cita autores da sua juventude, os quais publicaram textos em que a imagem de Jesus "é delineada a partir dos Evangelhos: como Ele viveu na Terra e como, apesar de ser inteiramente homem, trouxe ao mesmo tempo Deus aos homens, com o qual, enquanto Filho, era só uma coisa".

"Assim através do homem Jesus, torna-se visível Deus e, a partir de Deus, pode ver-se a imagem do homem justo".

Os textos que possuímos sobre Jesus não pretendem fazer um relato jornalístico ou biográfico, como hoje se desejaria, mas testemunhar a mensagem vivida pelas primeiras comunidades cristãs. Esses textos são textos históricos relativos a essas comunidades e à pessoa de Jesus que neles aparece como alguém que não cabe nos limites humanos.

O "Jesus histórico" é uma expressão que tem dominado a pesquisa sobre a sua figura, nas últimas décadas, como se fosse uma entidade diferente do que se convencionou designar "Cristo da fé". Nos nossos dias, a figura de Jesus emerge em itinerários contrastantes, entre a releitura devocional e a demanda da "verdadeira história".

Curandeiro, sábio, profeta, contador de histórias, rabino galileu, militante social, judeu marginal, camponês mediterrânico ou filósofo itinerante são várias das hipóteses de leitura que se lançam sobre Jesus, completando-se ou mesmo contradizendo-se e excluindo-se. A vaga de estudos sobre o chamado "Jesus histórico", que tende a recusar imagens criadas pelas confissões cristãs, serviu para que, 200 anos após o seu início, a diversidade de opiniões e posições ainda seja maior.

Apesar destes riscos, os contributos de áreas tão diversas como a linguística, a arqueologia e outras ciências sociais e histórica facilitam, hoje em dia, o acesso aos textos do Evangelho e à cultura judaica em que Jesus se inscreveu.

Neste contexto, Bento XVI quer apresentar uma interpretação a partir dos Evangelhos, com a consciência de que "esta figura é muito mais lógica e mais compreensível, do ponto de vista histórico, do que as reconstruções com as quais nos confrontámos ao longo das últimas décadas".

Fonte: ecclesia

terça-feira, abril 14, 2009

sexta-feira, abril 10, 2009

Santa Páscoa

Mais uma vez é Páscoa!

Diz-nos a fé e confirma-nos a liturgia da Igreja Católica que é Páscoa cada vez que celebramos a Eucaristia porque nela fazemos memória da entrega única e definitiva de Jesus Cristo para nossa salvação e remissão dos pecados. Mas, na sua pedagogia, a Igreja propõe-nos cada ano um tempo especial em que somos confrontados, não só com os factos históricos que envolveram a morte e ressurreição de Cristo, mas também com o seu enquadramento bíblico, com o que os profetas anunciaram e com o que o Espírito Santo ditou aos apóstolos que foram encarregados de espalhar a Boa Nova.

E aqui estamos nós, a celebrar novamente os mistérios centrais da nossa fé, aqueles que justificam que permaneçamos juntos nesta caminhada para a Pátria definitiva e que nos empenhemos em dar aos outros possibilidade de viverem o Bem, a Verdade, a Beleza, a Paz, a Alegria, o Amor.

Na verdade, se é tempo de olhar para trás, para o amor transbordante de Deus que tudo fez para nos salvar, se é tempo de Lhe darmos graças por tão grande ternura, é tempo de olhar para o lado, para tanto irmãos nossos, filhos do mesmo Pai, que ainda não O conhecem (ou conhecem mal) e que esperam, como toda a criação, a “manifestação dos filhos de Deus”. É tempo de lhes dizer que não há trevas, não há crise, que nos possam “separar do amor de Cristo” – e que isto não é uma alienação mas uma forma responsável de viver neste mundo, aqui e agora, solidários e actuantes na Cidade dos homens, construtores da Cidade de Deus.

Que a Páscoa seja para todos nós


alavanca de arranque para uma vida


de comunhão mais fraterna.


Que o Sangue derramado de Jesus


não seja desperdiçado pela dureza


e pelo fechamento dos nossos corações.


Que a Alegria da Ressurreição


nos conduza a uma atitude de partilha


e de irradiação do Evangelho.

Que a Paz esteja connosco, tal como Jesus desejou na tarde do primeiro dia da nova criação.

segunda-feira, abril 06, 2009

"É como dizes", mas não como pensas!

Resposta breve e afirmativa de Jesus, à pergunta, igualmente breve e directa, de Pilatos: “Tu és o rei dos judeus?” A pergunta de Pilatos, mais do que interesse em conhecer a verdade sobre Jesus, revela ironia e desprezo a seu respeito. Pilatos faz a pergunta, mas não tem a mínima intenção de dar crédito à resposta, seja ela qual for. Parece-lhe demasiado óbvio que aquele Jesus não é, não pode ser, o rei dos judeus nem de quem quer que seja.
Jesus, apesar de saber que Pilatos não vai tomar a sério as suas palavras nem está em condições de compreender o seu verdadeiro alcance, não deixa de lhe responder. A sua é também uma resposta provocadora. “É como dizes”, mas não é como pensas! Sou rei, mas não como tu és nem como tu imaginas os reis deste mundo!

Os reis deste mundo exercem o poder:
  • com arrogância, prepotência e arbitrariedade, ou seja, sem sentido de missão e espírito de serviço;
  • vivem em belos palácios, vestem esplendidamente e banque-teiam-se lautamente todos os dias, completamente indiferentes à miséria dos seus súbditos;
  • têm exércitos poderosos, fazem guerras, subjugam povos, eliminam adversários, sobrepondo os seus interesses pessoais à verdade e à justiça;
  • são homens cheios de defeitos e de vícios, mas exigem ser obedecidos e tratados como deuses!

“É como dizes”, mas não como pensas! Jesus é um rei:

  • sem palácios, sem exércitos e sem servos;
  • sem trono, sem títulos honoríficos, sem qualquer esplendor humano.

Ele é um rei diferente e o segredo dessa diferença revela-o na resposta que dá ao sumo sacerdote, quando este lhe pergunta: “És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?” Jesus revela e confessa a sua verdadeira identidade: “Eu sou”.
Jesus é, pois, rei do reino de Deus, o reino da verdade e do amor, o reino da justiça e da paz, o reino de homens livres, em que o rei está exclusivamente ao serviço dos homens. Por isso mesmo, Jesus está entre os homens como quem serve e disposto a dar a vida por eles. Jesus é o rei que está disposto a morrer pela verdade e a morrer por amor, para devolver aos homens o sentido da vida e lhes rasgar os horizontes da eternidade.

Morreu pela verdade e por amor.
Parece contrariar toda a lógica humana que Jesus, sendo Filho de Deus, tenha sido condenado à morte pelos homens e tenha efectiva-mente morrido numa cruz! Desde a nossa mera perspectiva humana, Jesus, ainda que fosse condenado pelos homens (os homens podem de facto rejeitar e condenar o próprio Deus) deveria ser capaz de evitar a sua morte, usando o seu poder divino. Porém, a lógica da verdade e do amor de Deus é diferente, e ainda bem para nós!

Jesus foi condenado por dizer a verdade. Antes de mais, a ver- dade que denuncia o mal que existe no coração dos homens e exige ar-rependimento e conversão. Depois, a verdade sobre si mesmo, revelan-do e assumindo a sua identidade, apresentando-se como Filho de Deus. A verdade de Jesus perturba e incomoda os homens, sobretudo os chefes do povo. Com efeito, Jesus punha em causa não só a ordem estabelecida como a própria concepção de Deus e da religião.
- Se Jesus tivesse calado as verdades inconvenientes,
- Se tivesse deixado continuar tudo na mesma,
- Se tivesse pactuado com as injustiças sociais e com as perversões religiosas,
- Se não tivesse questionado os privilégios e as vantagens humanas dos poderosos,
- Se não tivesse tomado a defesa dos pobres e excluídos,
Ele teria sido deixado em paz, não teria sido levado à presença de Pilatos para ser condenado por ele. Mas um Filho de Deus assim não traria qualquer vantagem aos homens nem mereceria o crédito de ninguém!

Jesus morreu por amor.
Jesus (Ele que ressuscitou os mortos) não poderia ter descido da cruz e escapado à morte, respondendo assim às provocações dos seus inimigos? De facto, podia. Mas, se o tivesse feito, teria deixado de dar a maior prova de amor, pois como Ele mesmo tinha dito: “não há maior prova de amor do que dar a vida por aqueles que se ama”. Podia ter escapado à morte, mas, se o tivesse feito, não nos teria salvo a nós.
A verdade pela qual morre e o amor com que morre pela verdade revelam mais e melhor a sua realeza e a sua filiação divina do que todos os milagres que fizera ou quaisquer outros que pudesse fazer naquela hora!

E isso foi captado por alguns daqueles que seguiram e testemu-nharam a condenação e a morte de Jesus.
a) O chamado “Bom Ladrão” reconhece em Jesus crucificado o Rei que lhe pode dar o que ele, naquele momento, mais deseja e que nenhum outro rei lhe pode garantir: a vida eterna. Por isso mesmo, contrariamente ao outro malfeitor, não pede a Jesus que o livre da morte, mas sim: “lembra-te de mim, quando vieres na tua realeza”.
b) Por sua vez, o centurião romano, ao ver como Jesus percorreu o caminho da paixão e ao testemunhar a serenidade com que morreu, descobre e confessa a sua filiação divina: “Na verdade, este homem era Filho de Deus”.
Jesus, na sua paixão e morte, revela algo de extraordina-riamente divino – extraordinariamente divino e suficientemente evidente para que os homens O possam reconhecer e acreditar nele como Filho de Deus e o Salvador do mundo!
Jesus aceita:

  • ser vencido pelo pecado dos homens para, por sua vez, vencer o pecado com o poder do seu amor;
  • a derrota da morte para garantir ao homem a vitória da vida;
  • ser aniquilado para devolver ao homem a riqueza de Deus; a sua morte como o caminho necessário para a vida eterna do homem.

Numa palavra, Jesus aceita ser escarnecido e desprezado (esquecido, redicularizado), considerado como blasfemo e tratado como malfeitor, experimentar o fracasso e sentir a dor extrema, percorrer o caminho da morte, tudo para garantir ao homem a ressurreição e a vida eterna.

Hoje, Domingo de Ramos e da Paixão, vieste participar nesta celebração porque, contrariamente ao sumo sacerdote e a Pilatos, tu acreditas que Jesus é “o Filho do Deus Bendito” e o rei que liberta e salva os homens.
Não quero sequer pensar que possa ser outra razão a justificar a tua presença. Não vieste, oxalá nenhum de vós tenha vindo - apenas por causa dos ramos, porque tens necessidades deles na tua casa ou nos teus campos. Pelo contrário, vieste – oxalá todos tenham vindo por esse motivo - porque sentes necessidade de Jesus na tua vida.

Hoje, celebrando o mistério do sofrimento e da morte de Jesus,

  • Não te comove e compromete o que Ele fez por ti?
  • Não te impressiona o seu amor à verdade e a verdade do seu amor?
  • Não te maravilha que tenha preferido a tua à sua vida, morrendo Ele para te salvar a ti?!
  • E o que estás disposto a fazer para lhe corresponderes?

Hoje estás aqui e participas na celebração da Eucaristia.
Se vieste por causa dele, voltarás no próximo domingo e voltarás sempre, uma vez que Jesus também vai estar presente, para renovar a oferta da sua vida ao Pai e para se oferecer a ti.
Se não voltas e justificas a tua ausência com a falta de tempo ou porque não te convém a hora da celebração, é sinal que Jesus ainda
não é importante para ti e que passas bem sem Ele.

Volta sempre.
Não digas que não tens tempo!
Se calhar, o que ainda não tens é lugar para Ele no teu coração! Quem ama tem sempre tempo e não poupa esforços nem sacrifícios para estar com aquele que ama.
Considera e medita no imenso amor que Jesus tem por ti, no que Ele já fez – e gratuitamente - em teu favor. Então, descobrirás e sem-tirás que com Ele só tens a ganhar, pois não te tira nada e dá-te tudo (Bento XVI).

sexta-feira, abril 03, 2009

Percorramos com JESUS o Caminho do Amor

Estamos tão habituados a ver um crucifixo que poucas vezes paramos para pensar no seu significado. Muitas pessoas que a própria imagem do crucifixo as angustia e interrogam-se àcerca da importância que se se dá à cruz.
Não seria preferível anunciar apenas a alegria da ressurreição?


Jesus no alto da Cruz mostra-se profundamente solidário com o sofrimento humano de todos os tempos. A Sua morte na cruz é sinal do seu amor pelos mais necessitados, da Sua identificação com os que sofrem e da Sua missão que liberta do pecado e da morte.

Quando contemplamos o crucifixo evocamos a fidelidade de Jesus à Sua missão, meditamos sobre o sentido da dor e lembramos que a Sua morte não tem a última palavra. Na cruz, Jesus descobriu o mistério da Sua pessoa e da Sua vida, o qual dá sentido ao mistério da nossa vida como filhos de Deus.

Quando aceitamos a nossa dor e nos unimos à dor de Cristo, o sofrimento é mais leve.

Ele oferece-nos a paz interior necessária para continuarmos a trabalhar e a lutar por uma vida melhor.

Percorramos com JESUS o Caminho do Amor.

terça-feira, março 31, 2009

Confissão individual ou comunitária?




O Código de Direito Canónico estabelece: "A confissão individual e integra e a absolvição constituem o único modo ordinário... somente a impossibilidade fisica ou moral o escusa desta forma de confissão" (c. 960).
Quanto à chamada "absolvição geral", o cânon 961 do Código de Direito canónico prescreve: "A absolvição simultanea a vários penitentes sem confissão individual prévia não pode dar-se de modo geral, a não ser que:
- 1º esteja iminente o perigo de morte...
- 2º haja necesidade grave...
E acrescenta que compete a Bispo Diocesano, de acordo com os critérios fixados pela Conferência Episcopal, "ajuizar acerca da existência das condições requeridas no § 1, nº 2".

segunda-feira, março 30, 2009

SENHOR, quero ver Jesus

Faz, Senhor,
que reconheça
o teu rosto no rosto dos mais pobres.
Dá-me olhos para ver os caminhos
da justiça e da solidariedade;
dá-me ouvidos para escutar
os pedidos de salvação e de saúde;
enriquece o meu coração
de fidelidade generosa
para que me faça
companheiro de caminhada
e testemunha verdadeira
e sincera da glória, que
resplandece no crucificado,
ressuscitado e vitorioso.

"Queríamos ver Jesus"

Alguns gregos, que eram crentes no Deus de Israel e se encontravam em Jerusalém para participar na festa da Páscoa, sabendo que Jesus tb se encontrava lá, manifestam o desejo de O ver. Sentiam curiosidade e interesse de O conhecerem pessoalmente. Como não se sentiam muito à vontade para se chegarem junto de Jesus, solicitam a mediação de Filipe (um discípulo que eles conheciam, pois não querem perder aquela oportunidade).

“Queríamos ver Jesus, dizem eles”. E eu pergunto:
  • O que é que eles mesmo querem e esperam de Jesus? Quererão mesmo conhecer Jesus, quem Ele é, qual a sua missão, que mensagem tem para comunicar aos homens?
  • Ou apenas o querem ver, testemunhar alguma obra extraordinária, escutar alguma parábola encantadora?
  • Procuram Jesus, porque suspeitam que Ele tem algo de especial para comunicar aos homens, também a eles, apesar de serem gregos? Ou apenas para puderem dizer, no regresso às suas terras, que O tinham visto e estado com Ele?

O evangelho não responde a estas perguntas, mas as perguntas valem para nos fazer pensar a nós!

Jesus é informado da presença dos gregos e do seu interesse em encontrarem-se com Ele. Porém, Jesus parece não lhes dar muita atenção. Começa, de imediato, a falar do mistério da sua paixão e morte. À primeira vista, não parece ser o tema mais adequado para atrair e cativar os seus novos ouvintes. Pareceria mais razoável que lhes dirigisse umas palavras afáveis ou realizasse alguma obra vistosa. Mas não.
Jesus, consciente de que não pode perder tempo com banalidades nem usar o seu poder divino para divertir os homens, centra-se na sua morte (Esta faz parte integrante da sua missão e é particularmente vantajosa para o homem, pois gerará uma nova vida e uma vida em abundância para toda a humanidade).
Para se fazer entender mais facilmente, Jesus usa a imagem da semente. Uma vez lançada à terra, esta só produz fruto, se morrer. A natureza ensina que a morte é necessária para que a vida continue (para que surja uma nova vida, para que a semente sobreviva numa nova planta e se multiplique em muitos frutos).
A morte não aparece como oposição ou negação da vida, mas como algo necessário ao serviço de uma vida superior.

Jesus morre para vencer o pecado e a morte do homem, para que o homem não morra para sempre, mas, antes, tenha nele a vida eterna.
Jesus morre para não ficar sozinho, como a semente que não morre. Morre para que, uma vez “elevado da terra”, possa atrair muitos a si (para que muitos possam encontrar nele a salvação de Deus).

Jesus sabia que aqueles gregos nunca mais iriam estar com Ele. Por isso mesmo, e para que não dessem por perdido aquele encontro, falou-lhes da sua morte como caminho para a vida eterna dos homens. (Isto é o que melhor revela Jesus, o que justifica e compensa que as pessoas O procurem, O conheçam, acreditem nele e O sigam). Afinal, Jesus prestou uma especial atenção aos gregos, correspondendo, da melhor maneira, à sua curiosidade!

Em Jesus, que morre voluntariamente na cruz, Deus realiza a nova aliança, prometida e anunciada por meio do profeta Jeremias.
Jesus, derramando o seu sangue por amor, redime o ho-mem, purifica o seu coração, torna-o capaz de viver a nova lei do amor. Por meio de Jesus, Deus imprime a sua lei no íntimo da nossa alma e grava-a no nosso coração, e nós aprendemos a conhecê-lo.
Na última Ceia, ao instituir o sacramento da Eucaristia, Jesus confirma que a nova aliança de Deus (a qual abrange toda a humanidade e não só o povo de Israel) é estabelecida no seu sangue. “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós” (Lc).

“Queríamos ver Jesus”.
Nós, os que aqui nos encontramos reunidos em seu nome, queremos, realmente, ver e conhecer Jesus? Queremos conhecer quem é e qual é a sua missão?

Não será que queremos conhecer apenas o Jesus:

  • do presépio, dos pastores de Belém e dos Magos do oriente;
  • que sacia as multidões, que cura os doentes e expulsa os demónios;
  • das parábolas encantadoras e o amigo das crianças;
  • que caminha sobre a água e acalma as tempestades;
  • que toma refeições em casa das pessoas e convive com elas?

Ou será que queremos, efectivamente, conhecer tb o Jesus que:

  • anuncia o reino de Deus e exorta os homens ao arrependimento e à conversão;
  • pede que renunciemos a nós mesmos e tomemos a nossa cruz de cada dia;
  • exige que amemos os nossos inimigos e perdoemos sempre a quem nos ofende;
  • nos diz que a grandeza do homem está no servir e dar a vida;
  • da paixão e da morte, da ressurreição e da vida eterna?

Queremos ver e conhecer Jesus, para acreditar nele, entrar na sua intimidade, O acolher na nossa vida, e segui-lo todos os dias? Temos consciência de que só Ele nos pode ajudar a entender a nossa vida e a vencer a nossa morte?
Se o nosso querer é sincero, então aproximemo-nos dele e escutemo-lo na Palavra do Evangelho; procuremo-lo e acolhamo-lo nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia dominical (comunhão); dialoguemos com Ele na oração; vamos ao seu encontro e amemo-lo nos irmãos necessitados.

Queres ver Jesus para aprenderes com Ele a morrer? É o que Jesus tem de mais importante para te ensinar – e só Ele te pode ensinar - e o que tu tens mais necessidade de aprender.
É necessário saber morrer, perder a vida, gastá-la ao serviço dos irmãos. A morte que gera vida e produz frutos de vida eterna é a vida que se morre, amando os outros. A morte que salva, a morte que dá sentido à vida, é a da vida que se gasta ao serviço dos irmãos.
Quem não sabe morrer assim, quem vive só para si mesmo, esse fica só, a sua vida é inútil, não aproveita a ninguém. Morrer por amor em cada dia ajuda-nos a entender e a aceitar melhor a outra morte.
Mais, ajuda-nos a viver em paz e a ser felizes.

quinta-feira, março 19, 2009

Joseph´s Song (A canção de S. José) - Michael Card




Deus escolheu José, um homem descendente de David, para esposo de Maria e pai de Jesus. Toda a mãe precisa de um marido e todo o filho precisa de um pai!
Ainda que hoje se diga e defenda o contrário, esta não deixa de ser uma verdade válida para todos os tempos. Opõem-se e pretendem impor a sua “verdade” (de que não é relevante ter marido ou esposa para ser mãe ou pai) aqueles que pensam como vivem por não terem a coragem de viver como deveriam pensar.
Deus não escolheu um homem rico nem da alta sociedade do seu tempo. Escolheu um homem simples e humilde, um cidadão anónimo da cidade de Nazaré. Escolheu José porque era justo e piedoso, um homem que acreditavam em Deus e esperava “a salvação de Israel”. Um critério semelhante tinha seguido Deus na escolha de Maria. Não olhou para a sua condição ou estatuto social. Escolheu-a porque “cheia de graça” e totalmente disponível para aceitar e cumprir a sua vontade.
Aos olhos de Deus, o homem e a mulher valem, não pelos lu-gares que ocupam, os títulos que recebem, as casa que habitam, mas pelo que vale o seu coração – a intensidade e a verdade do seu amor. Os critérios de Deus são diferentes, e ainda bem, dos critérios dos homens.
José, depois de esclarecido pelo Anjo, aceita a proposta de Deus: primeiro, recebeu Maria como sua esposa. Depois, quando o Menino nasceu, pôs-lhe o nome de Jesus. Dar o nome ao filho era uma atribuição do pai, um acto de reconhecimento e de aceitação da criança como seu verdadeiro filho.

Os pais, enquanto pais, nascem com os filhos, no sentido de que sem filhos não há pais.
Mas estes só nascem como pais, quando:
  • neles existe um amor tão forte e criador que os leva a partilhar totalmente o seu ser e a sua vida.
  • esse amor, por ser tão intenso, os leva a sobrepor a vida dos filhos à sua própria vida, ou seja, quando põem o bem dos filhos acima do seu próprio bem.
  • Por isso mesmo, ser pai é muito mais, incomparavelmente mais, do que gerar filhos. Nem todos aqueles que os geram estão preparados ou dispostos a ser pais, isto é, a pagar o elevado preço por tão inestimável graça.

O amor paterno de José manifesta-se genuíno e inques-tionável. Em Nazaré, ninguém sabia que ele não era o pai biológico de Jesus. E o facto de ninguém ter levantado qualquer suspeita é prova de que José exerceu a sua paternidade com toda a normalidade, de um modo irrepreensível, como um pai dedicado, afectuoso e empenhado.

Os Evangelhos (Mateus e Lucas) dizem-nos que ele toma parte, como verdadeiro pai e sempre ao lado de Maria, em todos os momentos da vida de Jesus: a apresentação de Jesus (cumprindo a lei do Senhor relativa aos filhos primogénitos), a fuga para o Egipto (para salvar a vida de Jesus, uma vez que Herodes lhe queria dar a morte), a participação na celebração da festa anual da Páscoa (introduzindo-o na vida religiosa do povo), a procura de Jesus, quando este ficou no templo de Jerusalém.

Deste modo, José contribui, e de um modo determinante, para que Jesus crescesse “em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens”(Lc 2,52).
Esta é a missão e deve ser o objectivo de todos os verdadeiros pais: que os filhos cresçam se desenvolvam harmoniosamente, tendo presente a pessoa humana no seu todo, a sua dimensão corporal, psicológica, intelectual e espiritual.

3. Neste dia em que celebramos a Festa de São José, lembramos os nossos pais, manifestando-nos particularmente agradecidos por tudo o que eles fizeram e fazem por nós.
• Sentimos que os pais são o dom mais excelente e maravilhoso que recebemos de Deus, que também é Pai e Mãe.
• Estamos gratos aos pais porque nos deram a vida, nos garantem (ou garantiram), com tanto amor e sacrifício, todos os bens fundamentais ao nosso desenvolvimento humano
• e, acima de tudo, porque eles nos introduziram, partilhando connosco as suas crenças e os seus valores, no mistério de Deus e no mistério da vida.

Muitos filhos mereciam ter pais melhores.
Pode ser pouco simpático dizê-lo, mas é verdade. E muitos filhos, se não são melhores, deve-se, em grande parte, aos pais que têm. Sim, muitos pais demitem-se ou desistem de o ser.
• Muitos não têm tempo para os filhos. E, quando falta o tempo, é sinal que começa a faltar o amor. Então, os pais re-compensam o pouco amor com a oferta de muitas coisas. Por isso mesmo, sentem necessidade de lhes dizer muitas vezes que os amam muito. Eles bem sabem que os filhos têm razões para desconfiar da autenticidade desse amor.
• Muitos revelam-se mestres desautorizados dos filhos, no campo dos valores e dos princípios, porque lhes falta a coe-rência e o testemunho de vida.
• Muitos até chegam a trocar os filhos pela paixão cega de um momento.

Os pais (pai e mãe) são a maior riqueza dos filhos.

  • Quando eles faltam na sua missão, não há nada nem ninguém que os possa substituir.
  • Quando o egoísmo dos pais se sobrepõe ao bem dos filhos, ninguém consegue reparar o dano que eles provocam nas suas vidas. A certeza de que alguém é nosso pai não nos pode vir do Bilhete de Identidade. Mas, antes, do amor incondicional que eles nos dedicam e dos sacrifícios que são capazes de fazer por nós.
  • E nós também temos o dever de mostrar aos nosso pais que nos sentimos seus verdadeiros filhos, e eles devem puder dar conta disso, pelo respeito que lhe temos ao logo de toda a vida, pelo amor com que os tratamos, principalmente, na doença ou velhice, e pela grata lembrança que conservamos deles após a sua morte.

Peçamos a Deus, Pai de todos os homens, por intercessão de São José, Pai de Jesus, que conceda a todos os pais a graça de compreenderem a grandeza e o alcance da sua missão e, ao mesmo tempo, a força para a realizarem fielmente e com alegria.

segunda-feira, março 09, 2009

Transfigurados

quarta-feira, março 04, 2009

O Rapaz do pijama às riscas

Não ganhou nenhum Óscar... não houve nem há muita publicidade...
Porém, é um dos filmes imperdiveis deste ano. É uma verdadeira "história de inocência num mundo de ignorância".

A ignorância e a maldade fizeram com que se cometessem neste mundo muitas atrocidades inegáveis e que nem o tempo nem a vontade apagarão. Por isso mesmo, faz-nos bem recordar estes acontecimentos para procurarmos uma vida diferente e a força para evitarmos no futuro os mesmos problemas e erros irreparáveis.

Não deixem de ler o livro ou ver o filme!!!
Não tenham medo das lágrimas que irão verter...