
A aprendizagem dos primeiros anos é, sobretudo, existencial, testemunhal. A criança aprende com o que vê, sente e experimenta, mesmo se não entende e raciocina ao nível formal. É por isso que as primeiras experiências podem ser fundantes ou traumáticas. Se o nosso crescimento é equilibrado e sadio, a nossa vida espiritual também. poderá desenvolver-se assim. Mas se for irregular, o mesmo acontecerá na fé. Ainda que Deus possa sempre superar todos os nossos limites, de ordinário não o faz pois o próprio homem não seria capaz de ir mais além.
Experimentar Deus no amor humano
Quando dizemos que Deus é nosso Pai, mesmo com a maior seriedade teológica, fazemo-lo sempre numa referência [mais ou menos consciente] ao nosso pai terreno. Por isso, alguns sentem-se mais à vontade dizendo que Deus é mãe.
Não podemos esquecer: o relacionamento filial, fraternal, social da criança terá uma grande influência na sua abertura a Deus. A experiência de amor gratuito, de paz e serenidade familiar, de perdão sinêero, de alegria e humor contagiantes, permitir-lhe-á um dia'perceber e viver que Deus é amor, paz, serenidade, perdão, alegria, humor... e a um nível infinitamente superior.
Não podemos esquecer: o relacionamento filial, fraternal, social da criança terá uma grande influência na sua abertura a Deus. A experiência de amor gratuito, de paz e serenidade familiar, de perdão sinêero, de alegria e humor contagiantes, permitir-lhe-á um dia'perceber e viver que Deus é amor, paz, serenidade, perdão, alegria, humor... e a um nível infinitamente superior.
Deus deve-se sentir muito desiludido quando dizem a uma - criança: «não faças isso porque Jesus castiga». Os pais, irmãos e demais próximos, não se devem limitar a dar um bom ambiente familiar ao bebé para o educar cristãmente. É imprescindível mas não basta. É preciso também que lhe falem de Deus. Dizer que Deus nos ama, que foi ele que criou e fez ,o céu azul, os passarinhos, o mar e os peixinhos, a relva verde e que também tem um filho que é o Menino Jesus ou o Jesus na Cruz, é um acto de educação na fé que todos podem fazer. É absurdo pensar que apontar para a Cruz e perguntar à criança quem é que ali está é violento. Estes sinais que não precisamos compreender na totalidade, logo desde o início, passarão a fazer parte do nosso Imaginário humano e religioso e, no futuro, ajudar-nos-ão a construir o edifício da fé. Tantas coisas, pessoas e situações, no dia-a-dia, podem ser ocasião para falar de Deus... O Directório Geral da Catequese [255) fala da importância que podem ter os avós nesta catequese familiar. Ler histórias bíblicas ou pintar alguns desenhos religiosos não é descurável...
Alguns educadores têm o receio de traumatizar as crianças ao não deixá-las fazer tudo.Ninguém duvida que onde não há consciência não há pecado. Mas a consciência moral [o sentido do bem e do mal) não nasce connosco e forma-se com os anos. Durante os primeiros anos, o círculo familiar é o fundamento da moral, do correcto para a criança. Demonstrar alegria pelos seus gestos nobres, felicitar os seus actos bons, chamar a atenção (sem violência, é claro!) e entristecer-se pelas suas «asneiras» são acções educativas valiosíssimas e serão alicerce do futuro pois nelas encontrará substrato a moral humana e cristã.
Vamos rezar a Jesus
Finalmente, rezar com a criança, é um acto belíssimo aos olhos de Deus. Gestos simples como ensinar-lhe a colocar as mãos, fazer o sinal da Cruz, rezar com ela o Pai Nosso, Ave Maria, Glória, Anjo da Guarda... são marcas que ficam na vida espiritual. Continuo a acreditar que levar as crianças à Missa, apontar os gestos e a pessoa do sacerdote, levar até junto do Sacrário, do Altar, de Maria... é importantíssimo. Ninguém poderá fazê-lo com o mesmo amor que os pais ou educadores. Ajudar a entender ou, simplesmente, a admirar... O Papa Bento XVI diz que, com a mística da Missa na sua infância e o Missal para crianças, foi descobrindo a beleza da fé e da vocação...